O investimento, superior a dois milhões de euros, surge no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e resultou de uma parceria entre o município de Cinfães, a Escola Secundária de Cinfães e a Escola Profissional de Cinfães.
Foi inaugurado no dia 23 de maio, na Escola Secundária de Cinfães, o novo Centro Tecnológico Especializado Industrial, uma infraestrutura de referência que promete marcar o futuro da educação profissional no concelho e na região do Tâmega e Sousa.
O investimento, superior a dois milhões de euros, surge no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e resultou de uma parceria entre o município de Cinfães, a Escola Secundária de Cinfães e a Escola Profissional de Cinfães.
A cerimónia contou com a presença de várias entidades, que destacaram a importância deste passo para a formação dos jovens e para o desenvolvimento económico local.
“Aqui está o futuro: o ensino tecnológico, tecnológico especializado, numa área que tem empregabilidade”, afirmou Armando Mourisco. O autarca sublinhou o orgulho por este ser o segundo centro do género na região do Tâmega e Sousa, considerando que “é fundamental e estão aqui investidos mais de 2 milhões de euros em nome do futuro dos nossos alunos”.
O centro acolhe atualmente 219 estudantes dos cursos profissionais de Técnico/a de Instalações Elétricas, Técnico/a de Mecatrónica Automóvel e Técnico/a de Eletrónica, Automação e Computadores, proporcionando-lhes uma formação mais prática e ajustada às exigências atuais do mercado de trabalho.
“Este projeto nasce de uma parceria absolutamente extraordinária entre a escola secundária, que foi o chapéu desta candidatura, a câmara municipal, co-promotora, e a Escola Profissional de Cinfães, que também deu a sua anuência”, referiu o edil municipal. “Consegui sentar à mesa toda a gente, para que pudéssemos aqui desenvolver uma candidatura única e que agregasse o interesse de todo o território”, evidenciou.
Mourisco destacou ainda que esta iniciativa está alinhada com a Agenda para a Empregabilidade do Tâmega e Sousa. “É preciso interpretar essa agenda, ou seja, perceber o que é que o tecido empresarial da nossa região quer, o que é que precisa, e direcionar a aprendizagem e o ensino para essa necessidade. Isso é que garante o futuro”, considerou.
Por sua vez, o diretor da escola, professor Evaristo Cardoso, assumiu o momento como particularmente marcante: “Estou extremamente feliz. A vida é feita de momentos e este, para mim, é um marco importante. Estou no último mandato da direção da nossa escola e guiei sempre a minha vida pelo futuro destes jovens deste concelho”, afirmou.
Num discurso emocionado, Evaristo Cardoso salientou que o novo centro representa “um avanço significativo na qualidade da formação dos nossos jovens, num espaço de inovação, de aprendizagem e de oportunidades reais para os desafios do mundo contemporâneo”.
O diretor destacou a importância de preparar os alunos com “competências técnicas, pensamento crítico, capacidade de adaptação e, acima de tudo, uma formação sólida e conectada com a realidade”. Para isso, o centro disponibiliza “laboratórios, oficinas, estúdios modernos, equipamentos tecnológicos inovadores e de ponta”.
“Este Centro não é apenas um edifício. Ele representa um compromisso com o futuro dos nossos alunos, com a qualidade da educação pública e com o desenvolvimento da nossa comunidade”, concluiu. E deixou uma reflexão final: “A tecnologia por si só não muda o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas que a usam, com propósito, com ética, com paixão pelo que fazem. Que este centro seja um berço de talentos, ideias e sonhos realizados”.
A recente inauguração do Centro Tecnológico Especializado da Escola Secundária de Cinfães não só representa um marco no desenvolvimento do ensino profissional do concelho, como já está a transformar a experiência prática dos alunos. Carlos Simões e Martim Alexandre, estudantes dos cursos de Mecatrónica Automóvel e Instalações Elétricas, respetivamente, destacam a relevância deste novo espaço nas suas formações e perspetivas futuras.
"Sempre é uma mais-valia", começa por referir Carlos Simões, de 17 anos, finalista do curso Técnico de Mecatrónica Automóvel. O jovem destaca a importância do acesso a equipamentos modernos e sistemas didáticos que permitem aprender com material atualizado e mais próximo da realidade do mercado de trabalho.
“Sempre aprendemos a mexer em material novo ou com mais qualidade. Isso ajuda-nos, por exemplo, na realização da PAP, porque temos mais recursos à disposição”, explica.
“É um enriquecimento. Também ver como as tecnologias avançam, mesmo no meio da mecânica — como nas máquinas de diagnóstico. Antes era preciso alguém mais qualificado, hoje, com o material certo, qualquer um consegue”, acrescenta.
Carlos não tem dúvidas quanto ao futuro: não pretende seguir estudos superiores, mas sim entrar diretamente no mercado de trabalho, na área da mecânica, uma paixão de longa data.
“Sempre gostei de coisas com motores, carros, motas. Sempre me interessei por isso. Quero trabalhar logo que termine o curso”, revelou.
Também Martim Alexandre, de 18 anos, aluno do 11.º ano do curso Técnico de Instalações Elétricas, sublinhou o salto qualitativo que as novas instalações trouxeram ao dia a dia da formação técnica.
“Melhorou em termos de termos mais simuladores para fazer testes, melhores bancas, melhor ferramenta”, referiu.
“Já estamos a usar as instalações mais ou menos desde janeiro, e sinto-me lisonjeado por ser dos primeiros a usar este espaço”, frisou.
Natural de Nespereira, no concelho de Cinfães, Martim revela que o curso está alinhado com as suas aspirações, embora o seu interesse se estenda também à área da eletrónica.
“Ser técnico de instalações elétricas é uma das coisas que quero ser, mas também gostava de ser técnico de eletrónica”, diz, sem ainda ter decidido se pretende seguir para o ensino superior após terminar o 12.º ano.
Com os olhos postos no futuro, Martim reconhece o valor estratégico desta formação para o país: “É um curso que dá muito dinheiro, mas há poucos técnicos cá fora a trabalhar”.