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Escutismo é “um modo de vida” que continua a cativar jovens, diz Vera Moreira

O escutismo continua a ser uma forma de capacitar jovens para o futuro, defende Vera Moreira, chefe do Núcleo Este, que reúne os agrupamentos de escuteiros da região do Tâmega e Sousa.

Redação

Com 35 anos de ligação ao movimento, Vera Moreira foi escuteira "desde lobita até dirigente", e afirma que “não se imagina sem os escuteiros”.

Descrevendo o escutismo como um conceito “difícil de definir”, a responsável acredita que este representa “um modo de vida” que promove o crescimento pessoal através de seis áreas de desenvolvimento: "Físico, afetivo, comunicação, espiritual, social e intelectual. Todas contribuem para formar uma pessoa melhor, mais interventiva na sociedade e na comunidade”, explica.

Vera Moreira destaca que, mais do que atividades ao ar livre, o escutismo ajuda os jovens a desenvolver competências essenciais como trabalho em equipa, respeito pelo próximo e capacidade de lidar com adversidades. “A nossa missão é capacitar os jovens para viverem em sociedade”, sublinha.

Recordando as experiências enquanto escuteira, fala da importância do trabalho entre pares, do contacto com a natureza e da liberdade criativa proporcionada pelo movimento. “Era poder sonhar, sabendo que tinha uma rede de suporte. Agora sou eu essa rede para os jovens com quem trabalho”, afirma.

O movimento escutista tem também um papel educativo, principalmente em contextos urbanos, onde, segundo a dirigente, “há jovens que não sabem de onde vêm os ovos”. Ao promover o contacto com a natureza, o escutismo permite-lhes descobrir realidades que, de outro modo, lhes seriam inacessíveis.

Sobre os desafios atuais, Vera reconhece que há hoje mais opções de lazer e extracurriculares, o que torna a escolha pelo escutismo menos imediata.

“Antes era mais fácil ter escuteiros. Agora os jovens têm futebol, música, ballet… Mas o escutismo continua a cativar”, assegura, destacando que o maior obstáculo é “as pessoas perceberem que ser escuteiro é muito mais do que andar de calções e meias até ao joelho”.

O escutismo é atualmente o maior movimento juvenil do país, com cerca de 70 mil membros, dos quais mais de nove mil no distrito do Porto e 1.500 no Núcleo Este.

Os testemunhos de antigos membros confirmam o impacto positivo do movimento. “Cada pessoa leva algo diferente, aprender a perder, trabalhar em equipa, conhecer plantas, fazer nós. Mas, no geral, o escutismo deixa sempre uma marca positiva”, afirma a dirigente, notando que muitos regressam ao movimento quando se tornam pais, levando os filhos a experimentar a mesma vivência.

Questionada sobre como cativar novos elementos, Vera Moreira é clara: “Costumamos dizer: venham e experimentem. É a única forma de saberem se vão gostar”. E acrescenta: “Não passamos a vida na igreja a rezar, como muitos pensam. Temos fé, sim, mas vivida de uma forma dinâmica e diferente”.

No Dia do Escutismo, a dirigente reforça a importância de assinalar e dar visibilidade ao movimento. “Faz sentido falar do escutismo e mostrar o que ele realmente é: uma escola de vida”.