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Opinião
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Férias Escolares: Tempo de crescimento!

Com a chegada do verão, assistimos ao habitual encerramento de mais um ano letivo. Para milhares de alunos e professores, este é o início de um período muito aguardado: as férias grandes.

Redação

 Longe de se resumirem a uma simples interrupção no calendário escolar, as férias de verão representam, na sua essência, um tempo privilegiado e profundamente educativo. Num mundo cada vez mais marcado pela aceleração, pelo ruído e pela produtividade incessante, este tempo de pausa adquire um valor ainda mais significativo enquanto oportunidade para o descanso, a renovação interior e o fortalecimento de vínculos sociais fundamentais.

Em primeiro lugar, importa sublinhar a importância do descanso físico e mental. O ritmo escolar, marcado por horários rígidos, avaliações contínuas e exigências curriculares, pode ser desafiante para alunos, alunas e docentes. As férias oferecem, assim, o espaço necessário para a recuperação de energias, para a serenidade e para a contemplação. Este descanso não é um luxo, mas uma necessidade humana e pedagógica, reconhecida por todas as correntes educativas que colocam o bem-estar do aluno no centro do processo de aprendizagem.

Contudo, as férias não são apenas sinónimo de repouso. São também ocasião para o reencontro com a família e com os amigos, laços que, durante o ano letivo, por vezes fragilizam-se devido à correria dos dias. Retomar os jantares em família, os passeios ao ar livre, as conversas demoradas, ou simplesmente partilhar o silêncio e a presença, são experiências educativas no seu sentido mais profundo: educam para a empatia, para a escuta, para o amor e para a responsabilidade recíproca. Neste sentido, a casa e os espaços de convivência tornam-se verdadeiras escolas de humanidade.

Além disso, o tempo livre permite que os adolescentes e jovens explorem os seus interesses, cultivem a criatividade e desenvolvam competências sociais e emocionais. Um acampamento, voluntariado, a prática de um desporto ou a leitura de um bom livro podem ser tão formativos quanto qualquer aula, salvaguardando as devidas diferenças. Ao libertarmos os alunos e alunas da pressão da nota e da obrigação, oferecemos-lhes a possibilidade de aprender por curiosidade, por prazer, por desejo de descoberta. E é nesse contexto que muitas vezes floresce o gosto genuíno pelo saber e se reforça a autoestima.

Devemos por isso, valorizar este tempo de férias não como um interregno da educação, mas como uma das suas expressões mais autênticas. As famílias, as escolas, as comunidades e os decisores políticos têm aqui um papel decisivo: criar condições para que todas as crianças e jovens possam usufruir, com dignidade e segurança, de férias verdadeiramente enriquecedoras. Isto implica garantir o acesso a atividades culturais, recreativas e educativas inclusivas, bem como políticas de apoio às famílias, sobretudo às mais vulneráveis, para que ninguém fique privado deste tempo essencial.

Desta forma, as férias de verão são mais do que um direito consagrado: são um bem precioso, uma ocasião propícia ao crescimento integral da pessoa. Ao cuidarmos deste tempo com a mesma seriedade com que cuidamos dos tempos letivos, estaremos a promover uma educação mais plena, mais humana e mais atenta à complexidade da vida.

Porque educar não é apenas ensinar conteúdos, é formar pessoas livres, felizes e capazes de construir, com os outros, um mundo melhor. E, para isso, também é preciso saber parar, descansar e amar.

Prof. João Soares