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Portugal
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Central da Tapada do Outeiro, a barragem junto ao Douro foi decisiva no restabelecimento da eletricidade

A Central Termoelétrica da Tapada do Outeiro, localizada na freguesia de Medas, concelho de Gondomar, voltou a assumir um papel crucial no sistema elétrico nacional esta segunda-feira, dia 28 de abril, após um apagão de grandes dimensões afetar Portugal e Espanha.

Redação

Em resposta à instrução do gestor do sistema elétrico (REN), a central concretizou com sucesso o procedimento de black start, permitindo o reinício da reposição da eletricidade sem apoio externo.

Com 990 megawatts de capacidade instalada, dividida por três grupos de 330MW, esta infraestrutura é uma das poucas em Portugal com capacidade para arranque autónomo, crucial em situações de falha total da rede. A atuação da central foi especialmente relevante numa fase em que a interligação com a rede espanhola ainda não estava operacional, tornando mais lento o processo de recuperação do sistema elétrico português.

A Turbogás, empresa responsável pela operação da central e detida pelo grupo EML S.A., mobilizou rapidamente todos os seus recursos técnicos, destacando a competência e capacidade de resposta das suas equipas em situações de elevada exigência.

A Central da Tapada do Outeiro, em funcionamento desde 1999, está preparada para operar com gás natural ou gasóleo, e encontra-se situada numa zona de elevado consumo elétrico e próxima de parques eólicos. A sua localização estratégica junto à barragem de Crestuma-Lever, na margem direita do rio Douro, reforça a sua importância no contexto do sistema elétrico nacional.

Em 2022, o então ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, garantiu que a central manteria a sua atividade até 2030, apesar do término previsto do contrato de aquisição de energia (CAE) e da licença de produção em 2024, assegurando a continuidade de funcionamento e os cerca de 40 postos de trabalho.

A estrutura atual sucede a uma central mais antiga, construída entre 1955 e 1959, projetada pelo arquiteto José Carlos Loureiro, que inicialmente utilizava carvão proveniente das minas de São Pedro da Cova e do Pejão. Esta antiga unidade teve grande impacto regional até ser desativada em 1994.

O recente incidente veio reafirmar a importância estratégica da Tapada do Outeiro na segurança energética nacional, evidenciando a sua resiliência técnica e o papel essencial na estabilidade do sistema elétrico, mesmo nas situações mais críticas.