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Celorico de Basto
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Moda com assinatura própria: Marisa Marinho entre as dez finalistas do Setúbal Fashion Show

Designer de moda há 15 anos, Marisa Marinho foi traçando o seu percurso pelo mundo da moda e, pelo caminho, conseguiu criar a sua própria marca e, mais recentemente, tornou-se numa das dez designers selecionadas para o Setúbal Fashion Show.

Redação

Entre os 100 designers a concurso na edição deste ano do Fashion Show de Setúbal, só dez foram selecionados para mostrar as suas peças no ponto alto deste desafio de moda, um desfile das coleções que passaram à fase final, a decorrer entre os dias 12 e 14 de setembro.

“O meu gosto pela moda começou muito cedo”, conta Marisa, “quando tinha 15 anos era muito magra, e por muito que procurasse, não encontrava roupa que me ficasse bem”, acrescentou.

Motivada pelo desejo de ter roupa à sua medida, a agora designer de moda decidiu, por conta e vontade própria: “Começar a criar a minha própria roupa, depois ganhei o gosto e acabei por seguir os meus estudos no setor do design de moda”.

Primeiros passos e formação especializada

As primeiras pisadas de Marisa como designer foram dadas: “Na máquina de bordar da minha mãe. Sentava-me na máquina a tentar criar novas peças, mas estava visto que não era daquela maneira que ia conseguir ir a algum lado, tinha de aprender mais”, revelou.

Convencida de que a moda tinha de ser o seu destino, a celoricense dedicou-se a “fazer cursos direcionados para isso mesmo, estudei para ser técnica projetista de calçado durante três anos e, a partir daí, não parei mais de fazer formações e de estudar o setor”.

Design, técnicas de confeção, acabamentos e tendências tornaram-se o alvo de estudo de Marisa, que ao fim de algum tempo iniciou a sua jornada profissional como designer de calçado. “Trabalhei cinco anos numa empresa de calçado em Fafe, depois mudei para uma empresa em Guimarães onde me tornei designer de moda a trabalhar para marcas conhecidas, desde a Zara à Massimo Dutti”, recorda a designer.

Um novo rumo durante a pandemia

Marisa Marinho tinha conseguido fazer da paixão pela moda uma carreira, mas com a pandemia da Covid-19, a estilista despertaria a vontade de seguir um antigo sonho e objetivo: criar uma marca própria. “Trabalhei sempre para outras empresas e, na altura do covid, comecei a criar, em paralelo aos meus outros trabalhos, a minha marca”, diz Marisa.

Um sonho antigo “que estava sempre em segundo plano”, a pandemia acabou por ser a oportunidade que a estilista precisava para dar asas a este projeto. “Acabei por ficar quatro meses em casa e, durante esse período, consegui dedicar-me a criar a minha marca e a fabricar peças, e foi a partir daí que tudo começou”, conta. O projeto foi bem recebido e Marisa conseguiu atingir um ponto em que: “Já tinha tantas encomendas que tive de me dedicar à minha marca a tempo inteiro”.

Uma marca feita à medida das mulheres

Criando moda para “mulheres que não procuram o básico, mas sim algo diferente, mas acessível”, a designer viu um sonho tornado realidade. “A sensação é ótima, é muito especial para mim ver pessoas na rua com as minhas peças e o feedback dos meus clientes tem sido ótimo, todos me dizem: ‘As tuas peças têm qualidade e conforto’”.

E são mesmo essas palavras que inspiram Marisa a criar cada peça: “Tento sempre fazer um produto que gostaria de encontrar e, por mais que procure, não encontro. Algo que combine funcionalidade, design, irreverência com o conforto e o estilo”, frisou.

Enquanto marca independente, Marisa admite que “a concorrência é o meu maior problema, este é um mundo muito competitivo, e os meus competidores conseguem fazer preços mais baixos por recorrerem a materiais e trabalho estrangeiro”. Distinguindo-se de outras marcas por “fabricar tudo aqui em Portugal com produtos nacionais”, a marca de Marisa vende para um mercado “onde as pessoas me procuram pela minha qualidade e produtos diferenciados e até personalizados”.

Reconhecimento nacional no Setúbal Fashion Show

Evoluir e apostar no futuro é um dos fortes de Marisa, que decidiu avançar este ano com uma proposta de coleção para o Setúbal Fashion Show.

“Encarei este momento como uma oportunidade de mostrar as minhas peças não só a nível local, mas nacional e até mundial”, justificou a designer de moda. A aposta neste evento compensou e, para surpresa da estilista, a sua coleção foi eleita como uma das dez a ser apresentada no desfile final do concurso. “Fiquei sem palavras, a minha primeira reação foi dizer: ‘Não é possível’”, disse entre risos.

Este momento veio provar a Marisa que “se calhar o meu trabalho vale mais do que mesmo eu penso e termos o nosso trabalho assim valorizado significa muito para nós”.

Ser designer é mais do que criar roupa

Ser designer é mais do que “fazer um simples rabisco, e temos de estudar e imaginar muito bem a maneira como a peça vai ser vestida para conseguirmos fazer roupa boa e confortável”, realça a estilista.

Um bom designer deve ser “criativo, com bom gosto e olho para combinações entre cores e materiais, bem como perceber a praticidade do vestuário”, reforça Marisa. E aos próximos entusiastas da moda, Marisa Marinho diz: “Quem gosta não pode desistir no primeiro obstáculo. Um dia criamos uma peça ‘que não vale nada’ e, no dia a seguir, aparece alguém que a adora. O segredo vai ser sempre nunca desistir e não baixar os braços”.