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Lousada
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Dia mundial do cocktail: Para César Moreira as "boas memórias criam-se com bons cocktails”

No dia 13 de maio assinala-se o Dia Mundial do Cocktail e, para celebrar a efeméride, fomos até Lousada conhecer o universo de César Moreira, bartender com mais de duas décadas de experiência e uma paixão inegável por este mundo de misturas, aromas e criatividade líquida.

Redação

Há 22 anos no setor, César começou por servir bebidas clássicas em bares e discotecas, mas foi com a abertura da sua mítica Esplanada da Torre que se iniciou a verdadeira viagem pelos mojitos, caipirinhas e, mais tarde, os cocktails e gins que hoje fazem sucesso nos seus espaços: o Bar da Cultura e o Villa’s. 

Sobre a arte do malabarismo com garrafas, responde com humor: “Não faço Fly air, só o básico. Teria que perder uns 20 kg para conseguir vir com os braços atrás das costas buscar as garrafas”.

Entre o bartender e o mixologista

César distingue bem os papéis: “O bartender prepara e serve cocktails, gere o bar, os stocks e cria experiências para o cliente. Já o mixologista é aquele que cria os cocktails de autor, explora sabores, infusões, espumas e experiências únicas”. Com dois espaços sob sua responsabilidade, afirma que acaba por ser um pouco de ambos, embora, admite, com mais alma de bartender.

E será que também gosta de beber o que cria? “Sim, bebo socialmente. Não convém muito habituarmo-nos, porque passamos o dia rodeados de álcool. Mas, todos os cocktails são provados antes de serem dados aos clientes”, garante. 

Formação, experiência e referências

A formação é outro ponto essencial. César frequentou diversas formações com profissionais nacionais e internacionais, e destaca Mário Valério como uma referência: “Não adianta ter ambição sem conhecimento. A teoria é importante, mas é na prática que se aperfeiçoa a arte”, considera.

O que faz um cocktail memorável?

Para César, o segredo está em mais do que os ingredientes: “É o significado, o momento de inspiração. Quem ama esta profissão não serve só cocktails, conta histórias e cria memórias a quem os bebe”.

Apesar de não ser um grande consumidor de cocktails, partilha uma sugestão perfeita para o verão: o Enzoni, feito com Campari, gin, xarope de açúcar, sumo de lima e uvas brancas maceradas. “É fresco, equilibrado e ótimo para qualquer altura do dia, embora ao pequeno-almoço talvez não seja ideal”, brinca.

Cocktails de banana levam ao reconhecimento

Um dos desafios mais memoráveis foi a criação de dois cocktails com banana para um concurso de uma marca francesa de licores. “Achei que não iam dar em nada… e chegaram aos cinco finalistas.” Por motivos pessoais, não conseguiu estar presente na final, mas a experiência ficou guardada como um marco.

Clientes mais exigentes, cocktails para todos

“A exigência dos clientes tem crescido muito nos últimos 10 anos, especialmente em Lousada. Hoje há mais consumo de qualidade, mais cultura de bar, mais atenção ao detalhe”, afirma. 

Nos seus espaços, nota que os mocktails (cocktails sem álcool) também estão a conquistar terreno. “Muita gente prefere não beber álcool, e nós adaptamo-nos", frisa, dizendo: "Tentamos sempre manter preços acessíveis e ajustar-nos à realidade local”.

E afinal, como se define um bom cocktail? “É aquele que sabe bem a quem o vai beber. O 'perfect serve' é pessoal. O importante é criar momentos únicos”, explica. 

Mensagem do bartender

Entre histórias de garrafas, misturas improváveis e memórias criadas ao balcão, César Moreira deixa uma reflexão perfeita para este Dia Mundial do Cocktail: “As decisões importantes devem ser tomadas com água, mas as boas memórias devem ser criadas com bons cocktails”.