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Sociedade
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Sismo de magnitude 8,8 ao largo de Kamchatka é o sexto mais forte de sempre na Rússia e provoca erupção vulcânica

Um sismo de magnitude 8,8 ao largo da costa da península russa de Kamchatka originou  durante a madrugada de quarta-feira, 30 de julho, alertas de tsunami em vários países do Pacífico, incluindo Japão, Estados Unidos e diversas ilhas do Pacífico Sul.

Redação

O abalo, que ocorreu no mar a cerca de 130 quilómetros da costa e a uma profundidade de 18,2 quilómetros, é considerado o sexto mais forte de sempre na Rússia e o oitavo mais forte a nível mundial.

De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, os sistemas de alerta funcionaram corretamente, permitindo evitar vítimas humanas. As autoridades locais iniciaram já a avaliação de danos materiais, processo que deverá prolongar-se durante vários dias.

A Agência Meteorológica do Japão (JMA) emitiu um alerta de tsunami com ondas até três metros de altura ao longo da costa do Pacífico japonês. A agência registou uma magnitude de 8,7 e alertou que o tsunami poderá atingir várias zonas costeiras nas próximas horas. As autoridades norte-americanas e de outros países da região também ativaram alertas preventivos.

Na sequência do sismo, o vulcão Klyuchevskoy, com 4.750 metros de altitude e localizado na mesma região, entrou em erupção. O Serviço Geofísico da Academia das Ciências da Rússia confirmou a atividade eruptiva através do seu canal Telegram, divulgando imagens do vulcão, que integra o Anel de Fogo do Pacífico.

Horas após o abalo principal, registou-se um novo sismo de magnitude 6,2 às 21h56 (hora local; 10h56 em Lisboa), com epicentro a quase 200 quilómetros a leste da capital regional, Petropavlovsk-Kamchatski, e a 69 quilómetros de profundidade. Desde o sismo inicial, as autoridades contabilizaram pelo menos 13 réplicas de magnitude 5,6, e há registo de um sismo prévio, a 20 de julho, de magnitude 7,4 na mesma zona.

O Instituto de Geociências de Espanha (IGEO), ligado ao Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC), confirmou os dados relativos à magnitude e profundidade, acrescentando que o movimento vertical da falha foi suficiente para gerar o tsunami. O IGEO partilhou nas redes sociais modelos de previsão para o comportamento do tsunami nas próximas horas.

John Townend, sismólogo da Universidade de Victoria, Nova Zelândia, explicou ao Science Media Center (SMC) que o sismo ocorreu na zona de subducção sob Kamchatka, onde a placa do Pacífico se desloca cerca de 75 mm por ano sob a placa de Okhotsk, considerada parte da placa da América do Norte. Segundo o especialista, o evento poderá ter provocado um deslizamento superior a 10 metros numa área de 150 por 400 quilómetros, embora sejam necessárias análises adicionais para confirmar estes valores.

O sismo, o maior a nível mundial desde o de Tohoku, Japão, em 2011 (magnitude 9,1), libertou uma energia estimada em 30 vezes superior à do sismo de Kaikoura, Nova Zelândia, em 2016, e cerca de três vezes inferior à de Tohoku.

As autoridades continuam a monitorizar a evolução do tsunami e pedem à população que siga as instruções oficiais e evite deslocações a zonas costeiras, uma vez que as ondas poderão continuar a propagar-se e atingir novas áreas nas próximas horas.