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Felgueiras
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De Felgueiras para a Univ. da Beira Interior: o sonho de Medicina de Beatriz Ferreira

Beatriz Ferreira, natural de Sousa, Felgueiras, destacou-se como uma das melhores alunas do ano letivo 2024/2025 da Escola Secundária de Idães, alcançando uma média de 18,8 no curso de Ciências e Tecnologias. Aos 18 anos, acaba de ingressar em Medicina na Universidade da Beira Interior.

Redação

A recente caloira partilha connosco a sua experiência, motivações e conselhos para quem quer seguir o seu caminho.

O sonho desde cedo: Medicina e dedicação contínua

Beatriz revela que o desejo de seguir Medicina não surgiu de repente, mas foi um sonho cultivado desde muito nova:

"Sempre quis seguir o curso de medicina. Sempre foi o meu sonho desde pequenina e como ciências e tecnologias era o curso que me podia levar a esse caminho, eu entrei", partilhou. 

Este sonho esteve sempre acompanhado por um percurso académico focado e dedicado:

"Desde pequena que eu sempre tive o orgulho de poder dizer que era uma boa aluna. E gostava mesmo de poder orgulhar os meus pais, que eles ficavam muito felizes de eu ter boas notas. Então, sempre dei o meu melhor para conseguir alcançar os meus melhores resultados", admitiu. 

Sobre o reconhecimento como a melhor aluna do seu curso, Beatriz diz que foi um momento de realização:

"Senti-me muito feliz, é como se fosse um sonho realizado, porque o secundário não é só felicidades. Esforcei-me muito para poder alcançar a média com que acabei. Então, o facto de saber que esse meu esforço foi recompensado, senti-me muito realizada", revelou.

Método de estudo e equilíbrio entre vida pessoal e académica

Questionada sobre a sua forma de estudar, Beatriz revelou um segredo essencial para o sucesso:

"Acho que estar atenta nas aulas é o primeiro passo para conseguir os melhores resultados. Tudo bem que também em casa é preciso um trabalho pessoal, fazer exercícios, rever a matéria, mas acho que mesmo que o mais importante é estar atenta nas aulas", defendeu.

Reconhecendo a importância do equilíbrio, Beatriz aconselha os mais jovens a esforçarem-se, mas também a não esquecerem a vida pessoal:

"Diria para te esforçares ao máximo, mas também para conseguires conciliar a tua vida de estudos com a tua vida pessoal, porque, se estás sempre a estudar, não te vai levar ao sucesso. Também tens que fazer atividades extracurriculares, sair com amigos, fazer algumas atividades, fazer exercício físico, ter uma boa relação com a família... Tudo isso para levar ao sucesso e para conseguir alcançar os melhores resultados", elencou. 

Na prática, Beatriz sempre teve esta filosofia, fazendo atividades extracurriculares desde o início do secundário:

"No início de secundário praticava natação. Entretanto, a meio do secundário saí e ingressei no ginásio", lembrou. 

O exercício físico, além de saudável, ajudava-a a aliviar o stress:

"Sim, também. E depois também tinha outros hobbies, o que também me ajudava muito para me desestressar."

Resiliência e atitude perante os desafios

Apesar de se esforçar muito, nem sempre os resultados foram perfeitos, mas Beatriz soube transformar cada dificuldade num impulso para melhorar:

"Um misto dos dois. Quando me esforçava muito para algo e depois não obtinha os resultados que desejava, ficava um bocadinho abatida, mas eu não tinha tempo para ficar em baixo, eu tinha que me esforçar para o próximo desafio."

O que esperar da medicina e vida académica

Sobre o curso de Medicina e as suas expectativas:

"Não tenho uma especialidade em específico que eu quero. Eu gostava da ideia da medicina em geral, no seu todo. Gostava muito da ideia do diagnóstico, de ajudar as pessoas, do cuidado e, acima de tudo, também da parte da investigação, descobrir novos meios que ajudariam futuras pessoas em futuros tratamentos, essa parte."

Sobre o seu ingresso na universidade, reconhece as diferenças em relação ao secundário e está preparada:

"Estou a achar que é muito diferente do secundário. É claro, vai exigir mais esforço vindo de mim, mas eu estou pronta para combater este novo desafio", garantiu. 

Quanto à vida académica para além das aulas, revela ser uma pessoa mais reservada e que não vai participar na praxe:

"Se me perguntarem, eu aconselho a viver o meio académico. No entanto, eu sou uma pessoa mais reservada. Por exemplo, eu não vou fazer praxe. Não sei, não é algo que me cativa muito."

Sobre viver sozinha na universidade, partilhando um apartamento com colegas do curso, destaca o apoio que isso lhe traz:

"É tudo muito diferente. E claro que a adaptação vai custar um bocadinho mais, pelo facto de estar longe de casa, não conhecer ninguém, mas as minhas colegas de casa são muito agradáveis, muito simpáticas e o facto de elas também estarem no mesmo curso que eu, seja no primeiro ano, seja em outros anos, também é um incentivo e podemos apoiar-nos umas às outras", considerou.

Quanto à gestão do tempo entre a universidade e a família, sabe que nem sempre será fácil voltar a casa todos os fins de semana:

"Por minha vontade, iria a casa todos os fins de semana. Só que como o curso é um bocado exigente, tenho a consciência que isso não vai ser possível. Portanto, o que eu acho que vai acontecer é que eu vou a casa os fins de semanas em que não estiver tão ocupada. Quando estiver mais ocupada, ai fico aqui e dedico-me aos estudos."

Mensagem para os estudantes do secundário

Beatriz deixa um conselho fundamental para quem agora inicia o percurso no ensino secundário:

"A mensagem que eu gostaria de dar era para aproveitar ao máximo o secundário, esforçar-se também ao máximo, e, como eu já referi anteriormente, para além de se esforçar muito, também conciliar com as suas atividades pessoais. Não só dedicar 100% do seu tempo ao estudo, mas também a outras atividades, aos amigos, à família, para assim poder acabar o secundário com a saúde mental intacta, pelo menos."

Perceções e realidades: Medicina e respeito

Questionada sobre a perceção que os outros têm dos alunos de Medicina, Beatriz é clara:

"Não vou mentir, sim, é verdade. Não sei porquê, mas, as pessoas põem medicina num pedestal, apesar de eu não concordar com isso. Eu acho que todos os cursos têm a sua importância, têm a sua dificuldade. E às vezes as pessoas têm a ideia que os alunos de medicina são superiores. O que eu não concordo de todo."

O lado humano e a colaboração entre colegas

Sobre a ajuda entre colegas, revela que a aprendizagem é recíproca:

"Sim, muitas vezes os meus colegas perguntavam dúvidas, mas não só, porque apesar de eu ser uma aluna de boas notas, há certas áreas que eu não sou perfeita, porque uma pessoa não consegue ser perfeita a tudo. Então, havia uma comunicação bilateral e nós ajudávamo-nos uns aos outros. A ajuda não vinha só de mim", concluiu.