logo-a-verdade.svg
Marco de Canaveses
Leitura: 6 min

Dia da Família: Rita fala dos avós maternos que a criaram com amor e valores

Rita Brandão, de 25 anos, é enfermeira e vive em Bem Viver, no concelho de Marco de Canaveses. A história que contamos começa há muitos anos, ao lado de duas figuras fundamentais na sua vida: os avós maternos, Manuel Pereira, carinhosamente conhecido como "Manel do Armazém", e Rosa Pereira, a "Rosinha".

Redação

Casados há 62 anos, com três filhos (Branca, Lúcia e José), os avós de Rita são mais do que pilares da família: são figuras acarinhadas por toda a comunidade.

“Foram eles que tomaram conta de mim quando a minha mãe teve um problema de saúde. Era o meu avô que me ia buscar à escola, que me ensinava a fazer os trabalhos de casa. A minha avó é que me vestia. Foram bastante importantes”, recorda Rita, com emoção.

De quem cuida, a quem cuida

Atualmente é Rita quem cuida dos avós. O percurso profissional enquanto enfermeira acaba por ser, em parte, reflexo dos valores de entrega e cuidado que recebeu: “Eu tenho um lema comigo que é: vamos cuidar dos outros como se fossem nossos e vamos cuidar dos nossos como se não houvesse amanhã. E pronto, trato deles como se não houvesse amanhã”.

Para a jovem, o Dia Internacional da Família é uma oportunidade para celebrar as raízes, a união e os valores que lhe foram transmitidos: “Eles para mim foram tudo. A minha família também é tudo para mim. Tanto os meus tios como os meus padrinhos, tiveram ambos um papel crucial na minha adolescência e mesmo agora, mas tudo isso devemos aos nossos avós, que nos transmitiram tudo aquilo que foram aprendendo ao longo dos anos”.

Crescer com alma antiga

Rita foi criada pelos avós entre os 7 e os 14 anos. Os ensinamentos que recebeu moldaram não só a sua infância, mas a mulher que é hoje: “O respeito, a autonomia, o ser independente mais cedo, o saber trabalhar, o saber respeitar o próximo, o saber economizar também… tudo isso. Na minha altura nem tanto, mas ainda ia para o campo com a minha avó”. 

A enfermeira assume com orgulho a influência do passado: “Eu costumo dizer à minha mãe que devo ter um pensamento antigo. Gosto de jantar cedo, não gosto de sair à noite… e tudo isso foram hábitos que fui criando com os meus avós”.

Infância feliz, memória viva

Ao longo da conversa, percebe-se que as memórias da infância são vivas e cheias de afeto. “O que me recordo mais é do meu avô me levar à escola e ele ficava à minha espera no portão até à hora de almoço, depois trazia-me para casa", recorda, dizendo: "Almoçávamos, ele ensinava-me os trabalhos de casa, a cantar a tabuada… A minha avó cozinhava, ouvíamos o terço juntas, ela fazia os bolos e eu ajudava. Vestia-me para a escola, embora às vezes não gostasse muito da roupa que ela punha… mas pronto, lá aceitava”

E não foi algo que fizeram apenas com a Rita. “Eles criaram não só a mim, mas também os meus primos. Sempre fomos muito unidos. A família trabalhava toda na venda, no minimercado, que o meu avô tinha. E crescemos todos juntos”.

Ao todo, são cinco netos (Rita, Teresa, Patrícia, Pedro e Mariana) e quatro bisnetos (Dinis, Mia Rose, Miriam Victoria e Carolina), todos com um elo comum e uma herança emocional profunda. “O meu avô bastava mandar um assobio e nós já sabíamos que tínhamos de estar ao lado dele”, partilha entre sorrisos.

A importância da família… e do tempo

Questionada sobre os valores que se vivenciam nos dias de hoje, Rita acredita que muitos se estão a perder: “A maior parte liga mais aos telemóveis, está mais no mundo digital e acaba por não conviver tanto". "As pessoas mais antigas conviveram mais, partilhavam mais sentimentos”, considera. 

Por isso, valoriza cada momento e partilha uma mensagem especial para este dia internacional da família, 15 de maio: “Aproveitem a família, porque o tempo passa a correr e uma pessoa não sabe quanto tempo é que vai cá estar". "Um dia vamos querer aproveitar… e já não vamos conseguir”,constata. 

Histórias que transmitem ensinamentos

As histórias que os avós contam continuam a ser um tesouro para quem as sabe aproveitar. “O meu avô passa a vida a contar histórias do tempo antigo, sobre amigos que tem… já não são muitos, pela idade que tem". "Tentamos que os amigos mais próximos o visitem, para que possa recordar os tempos antigos e ter carinho também deles”, destaca. 

E se um dia Rita tiver filhos, quer dar-lhes exatamente o mesmo que recebeu. “Quero transmitir os valores que me foram ensinados. Já os bisnetos começam a compreender, e 'a gente' tenta sempre transmitir o melhor daquilo que aprendeu”, defende. 

Com orgulho, com amor, com alma antiga, Rita é o reflexo dos avós que a criaram. E, no Dia Internacional da Família, partilha connosco uma história feita de gratidão, cuidado e laços que o tempo continua a fortalecer.