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Sociedade
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Investigadores apontam possível origem em Portugal de rumores sobre ciberataque russo no apagão ibérico

As primeiras publicações que associaram o apagão elétrico de 28 de abril a um alegado ciberataque russo podem ter tido origem em Portugal, revela um relatório do MediaLab do ISCTE, em parceria com a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Redação

A análise, inserida no âmbito do monitorização da desinformação durante a campanha para as eleições legislativas de 18 de maio, sublinha que a ausência de comunicação oficial nas primeiras horas do apagão contribuiu para o surgimento de várias teorias não verificadas.

Segundo os investigadores, uma das primeiras publicações com esta narrativa surgiu por volta das 11h50, cerca de 20 minutos após o início do apagão, replicando uma suposta notícia da CNN Internacional com declarações falsas atribuídas a Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

A versão inicial, em português, terá servido de base para traduções noutras línguas, incluindo russo. Mais tarde, por volta das 13h55, media russos como o BFM começaram a noticiar o caso, misturando factos com rumores sobre possíveis atos de sabotagem.

O relatório indica que a narrativa foi rapidamente disseminada através do WhatsApp e de canais do Telegram ligados a grupos pró-russos, atingindo dezenas de milhares de visualizações nas primeiras horas.

Apesar de grupos de ciberativistas pró-Rússia terem reivindicado o ataque nos dias seguintes, especialistas em cibersegurança consultados pelos investigadores descartaram qualquer relação entre essas reivindicações e o apagão, sublinhando a falta de capacidade técnica desses grupos para comprometer infraestruturas elétricas.

Outras teorias difundidas sugeriam, por exemplo, que o apagão teria sido uma ação da NATO para testar a resiliência da rede elétrica ou uma consequência das políticas de transição energética e das sanções à Rússia. Algumas mensagens mostravam sinais de tradução automática ou de criação por inteligência artificial.

Durante a semana do apagão, a maior parte das publicações relacionadas foram partilhadas na rede social X (58,21%), seguida do Facebook (33,68%) e do Instagram (6,03%). Publicações que propagavam as teorias não confirmadas tiveram um alcance superior às que procuravam desmenti-las.

A monitorização das redes sociais promovida pela CNE, MediaLab e Lusa continuará até 24 de maio. O MediaLab publica relatórios semanais sobre a evolução da desinformação durante o período eleitoral.