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Lousada
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Eduardo Teixeira Lopes, um médico de família que partilha a paixão pela escrita

"S. Vicente de Boim: Memórias Históricas e Genealógicas” é o título do último trabalho de Eduardo Teixeira Lopes, natural de Meinedo.

Redação

“S. Vicente de Boim: Memórias Históricas e Genealógicas” é o título do último trabalho de Eduardo Teixeira Lopes, natural de Meinedo. Médico de família de profissão, o lousadense partilha a paixão pela investigação histórica e pela escrita, que vê como “um refúgio e um passatempo”.

Cresceu em Meinedo até por volta dos dez anos e continuou a vida em Vila Nova de Gaia, com os pais. Fez o primeiro ano do liceu em Guimarães e, no segundo ano, foi para V.N. Gaia, onde viveu 18 anos. Em 1985 seguiu-se a ida para Guimarães, para dar início ao primeiro ano de medicina. Em agosto desse ano casou e foi morar para Atei, Mondim de Basto.

A permanência em Meinedo foi mais curta, mas a ligação manteve-se “forte” e é continuada com o encontro com colegas que “vêm quase todas as semanas almoçar comigo. Atualmente, só mora lá um irmão, na última casa que tivemos. Além disso, até há poucos anos, reuníamos os colegas da escola primária para relembrar velhos tempos“.

Hoje, os dias são passados, sobretudo, em Mondim de Basto – onde vive -, sendo que os últimos 20 anos Eduardo Teixeira Lopes trabalhou em Celorico de Basto, concelho onde se aposentei em junho de 2023.

“Mudaram mentalidades, principalmente, porque eu acho que lutávamos muito pela camisola”

A medicina não estava nos planos, mas a influência de dois colegas levaram o médico lousadense a escolher passar os dias dentro dos hospitais. “Nunca pensei. Na altura não fazíamos as inscrições como hoje. Era atrás do Santo António e tínhamos de preencher uma folha à mão. A opção era Engenheria Nuclear – não sei onde fui buscar isso -, mas a senhora disse que não havia. Estava com mais dois colegas e disseram que éramos bons para Medicina e assim foi. A verdade é que eu fui o único a acabar o curso”, recorda.

Com especialização em Medicina Geral e Familiar, seguiram-se mais 40 anos como médico e António Teixeira Lopes reconhece que a área “mudou muito” aos longo dos tempos, “em muita coisa e em vários aspectos. Mudaram mentalidades, principalmente, porque eu acho que lutávamos muito pela camisola, pelo nosso doente. Hoje não vejo essa luta e acho que não há tanto humanismo entre a relação doente-paciente. No meu caso, nunca recusei uma consulta a ninguém e, por isso, tinha más avaliações, porque não cumpria. Mas também não gostava de prejudicar um doente meu. Preferia ficar eu mal e nunca fiquei preocupado com isso”, garante.

Na hora da aposentação sentiu “orgulho” e “dever cumprido” pelo percurso que fez, porque esteve “sempre disponível“, e por ter deixado marcas em vários doentes. “Há casos que só a nossa sensibilidade é que os detectam. Há casos de descobertas de diagnósticos incríveis. Lembro-me de uma jovem que trabalhava em Lisboa, tinha sido vista pelo ortopedista e só me queria pedir a baixa médica. Pela forma como entrou percebi logo o que tinha e não era o que lhe tinham dito. Tinha um linfoma. Transferi-a logo e arranjei uma consulta na especialidade”, recorda.

Para Eduardo Teixeira Lopes ser médico “é ter sensibilidade, não é só uma questão de boas notas. Eu tinha média de 12, era o pior de seis. Mas nos dois últimos anos, passava as noites no hospital a fazer a urgência. Tinha outras capacidades que também são importantes“.

“Uma das cadeiras que detestava no liceu era história e o que eu faço atualmente é história”

Para além da medicina, o lousadense já se dedicou à política, tendo sido vereador na Câmara de Mondim de Basto, durante oito anos. Foi aí que começou a fazer um levantamento do que havia naquela terra e tirou “fotografias a tudo. Daí surgiu uma monografia, editada em 2000. Passado uns tempos, telefonou-me uma professora da UTAD a dizer que me gostava de conhecer, porque estava com o trabalho nas mãos e era um exemplo que usava nas aulas”.

Seguiram-se outros convites e trabalhos e um percurso pelo mundo da monografia. “Gosto de conhecer a história dos lugares. A verdade é que uma das cadeiras que eu detestava no liceu era história e o que eu faço atualmente é história. A vida dá muitas voltas”.

Hoje, ainda a dar consultas, Eduardo Teixeira Lopes encontra na investigação histórica um “passatempo e refúgio. Gosto de estar uma tarde inteira com o computador a transcrever documentos antigos para depois trabalhar”, confessa.

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