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Portugal
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Crise na habitação leva manifestantes às ruas do Porto

Protesto decorreu este domingo, 29 de junho, e juntou centenas na Praça da Batalha, exigindo ao Governo respostas para os preços elevados das casas.

Redação

Mais de duas centenas de pessoas saíram à rua este domingo, 29 de junho, no Porto, para exigir ao Governo medidas urgentes no combate à crise da habitação. A manifestação, organizada pelo movimento Porta a Porta, teve início na Praça da Batalha e terminou com um desfile até à Avenida dos Aliados.

Sob o mote do “direito à habitação para todos, sem exceção”, os participantes denunciaram o aumento acentuado dos preços das casas e a falta de apoios eficazes para quem vive e trabalha em Portugal. “O problema tem vindo a agravar-se e aqueles que realmente precisam ficaram de fora de todos os apoios. Precisamos de um Governo que ajude a população, não que agrave a situação”, afirmou Raquel Ferreira, porta-voz do movimento.

"A habitação é uma questão de dignidade"

A responsável citou dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), que apontam para um aumento de cerca de 16% no preço das casas no primeiro trimestre deste ano – “o maior desde que há registos”, segundo a organização. Raquel Ferreira sublinhou que “as perspetivas não são animadoras” e defendeu a mobilização popular como resposta. “É uma questão de dignidade”, disse.

O protesto no Porto integrou uma jornada nacional de manifestações que decorreu em 13 cidades portuguesas. A organização esperava maior adesão, mas compreendeu a dificuldade de mobilização em tempo quente. “Os despejos não param por estar calor e as rendas não baixam no verão”, alertou Raquel Ferreira.

Testemunhos: "Uma vergonha o que se vive em Portugal"

Vários participantes partilharam os seus testemunhos, alertando para a gravidade do problema. Agostinha Maia, residente num bairro social, lembrou o caso do filho, cuja renda subiu de 650 para 1.200 euros. “Hoje em dia, o salário mínimo nacional não dá para pagar uma renda. Isto é uma vergonha”, lamentou.

Outro manifestante, já idoso, decidiu juntar-se à causa pelos mais jovens. “Tenho casa própria, mas luto por aqueles que já não têm condições para sair da casa dos pais. Não podemos voltar a viver como antigamente, sem casas de banho em casa e a tomar banho nos balneários públicos”, recordou.

Jovens dizem sentir-se excluídos

Gonçalo Monzone, de 26 anos, deslocou-se do distrito de Vila Real para participar na manifestação. “Não fui para a praia porque este problema é demasiado grave. As rendas sobem, os empreendimentos turísticos aumentam e as medidas para habitação social são quase inexistentes”, denunciou.

Fernando Barbosa e Joaquim Gomes, mais conhecido como “Maradona das Artes Gráficas”, marcaram presença por solidariedade e consciência cívica. “Esperava ver mais jovens aqui. Onde estão eles?”, questionou Joaquim Gomes.

Marcha seguiu até à Câmara do Porto

Após a concentração na Praça da Batalha, os manifestantes percorreram as ruas do centro da cidade até à Avenida dos Aliados, em frente à Câmara Municipal do Porto. Com palavras de ordem e cartazes, exigiram respostas concretas e eficazes por parte do Governo e das autarquias.

O movimento Porta a Porta garante que continuará a organizar ações semelhantes enquanto não houver soluções à altura da crise da habitação que, sublinham, “afeta cada vez mais famílias, jovens e idosos, em todo o país”.