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Resende
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Associação Rostos Panchorrenses quer combater a desertificação e atrair turistas à Aldeia da Panchorra

Melhorar as condições de vida da população local, combatendo o isolamento social, a desertificação, a solidão - principalmente da população mais idosa - e promover a riqueza histórica da aldeia são os principais objetivos da Rostos Panchorrenses.

Redação

Criada em novembro de 2024, a associação está sediada na Panchorra, uma aldeia localizada num extremo do concelho de Resende, em pleno planalto da serra de Montemuro.

Os nove elementos que a compõem têm desenvolvido, desde então, um trabalho em prol da comunidade, promovendo a cultura, a tradição e o bem-estar das pessoas que ali vivem. 

A ideia de criar a Associação Rostos Panchorrenses não vem de agora e surgiu para “colmatar algumas necessidades” identificadas por Ana Cristina Cardoso, fundadora e tesoureira.

“Alguns dos elementos da associação fizeram a festa anual da aldeia, que decorre em Agosto. Fizemos quatro anos parte da comissão de festas. Saímos durante dois anos e voltamos a integrar a comissão para fazer a festa em 2025. E assim surgiu a oportunidade, através de uma conversa com a câmara, de criar a associação”, explica.

(Presidente da Associação)

Ana Cristina identificou as necessidades da aldeia, que se encontra “muito desertificada, extremamente envelhecida, empobrecida, completamente esquecida” e que está a precisar de “algum trabalho. Não tem um café, uma mercearia, não tem nada. É uma aldeia muito fria, as pessoas, algumas delas nem têm onde se aquecer, portanto há muitas necessidades que têm de ser colmatadas”, garante.

Mesmo não sendo desta freguesia, a resendense assume ficar “triste” por ver que está “tão abandonada. Gostava que a aldeia do meu marido, que os meus filhos tanto amam, também tivesse condições”.

Agora, o foco é criar condições para as pessoas que lá vivem, mas também atrair todos aqueles que não conhecem a Panchorra. Ana Cristina aponta alguns pontos da aldeia, que integra a Rota do Românico, como a Ponte da Panchorra, a igreja, o miradouro e até o parque natural de água. “Portanto temos vários pontos turísticos”.

Mas porque se dá a desertificação? A entrevistada não tem dúvidas de que se deve a vários motivos, como a falta de divulgação e a fuga dos jovens. “Não há um ponto de convívio. Ora, o que prende um jovem àquela aldeia? Nada”, lamenta.

O “sonho” dos elementos da associação passa por “colocar Panchorra no mapa, fazer com que os poucos que lá vivem, que queiram ficar e os que estão fora, mas que são de lá, que queiram reconstruir as casas, para não ser uma aldeia fantasma como é neste momento”

“Queremos proporcionar bem-estar àquelas pessoas e revitalizar a aldeia”

Ainda a aguardar as obras da nova sede, o grupo já pensa no futuro e nas atividades que pretende desenvolver, como workshops com idosos, contar com a presença de um médico uma vez por mês ou proporcionar atividade física uma vez por semana. “Quanto mais atividades houver nas aldeias, mais as pessoas têm vontade de lá ficar. As pessoas gostam de conviver e de ir para um sítio onde tenham condições. A beleza faz atrair pessoas, mas não as fixa”.

Apesar do curto tempo de existência, a Associação Rostos Panchorrenses está “feliz” com o trabalho desenvolvido. É um privilégio poder ajudar os outros. Eu pessoalmente faço dessa missão vida, é mais um desafio. Acredito que há sempre tempo para ajudar”.