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Penafiel
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Endoenças 2025 iluminam Entre-os-Rios com milhares de velas a 17 de abril

Tradição secular regressa a Entre-os-Rios na Quinta-feira Santa, unindo os concelhos de Penafiel e Marco de Canaveses em dois dias de fé e simbolismo à beira-rio.

Redação

As margens dos rios Tâmega e Douro vão voltar a iluminar-se com milhares de velas nos dias 17 e 18 de abril, com o regresso das Endoenças, uma tradição com mais de 300 anos que une os concelhos de Penafiel e Marco de Canaveses numa expressão ímpar de fé, identidade cultural e património imaterial.

A celebração tem início na Quinta-feira Santa, dia 17, na Igreja Paroquial de Santa Clara do Torrão, no Marco de Canaveses, às 20h00, com a Missa da Ceia do Senhor. Às 21h00, sai a Procissão do Senhor dos Passos, acompanhada pelos simbólicos “Barcos de Fogo”, que cruzam o rio rumo à Capela de São Sebastião, em Entre-os-Rios, no concelho de Penafiel, onde decorre o comovente Sermão do Encontro.

No dia seguinte, Sexta-feira Santa, 18 de abril, cumpre-se o percurso inverso com a Procissão do Enterro do Senhor, regressando ao ponto de partida na Igreja de Santa Clara do Torrão, completando assim o ciclo litúrgico desta manifestação religiosa, que representa um dos momentos mais emblemáticos da Semana Santa na região do Tâmega e Sousa.

Esta tradição centenária tem sido destacada tanto pela autarquia de Penafiel como pelo município do Marco de Canaveses. Como referimos neste artigo Endoenças voltam a iluminar as margens entre Marco de Canaveses e Penafiel a 17 e 18 de abril, esta é uma celebração vivida com intensidade pelas populações de ambos os lados do rio, destacando a colaboração intermunicipal e o envolvimento da comunidade local na preservação deste património imaterial.

Para o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino de Sousa, “As Endoenças são um dos momentos mais profundos e singulares da nossa vivência coletiva. Uma tradição que atravessa séculos, mantendo-se viva graças à fé, à dedicação da nossa comunidade e à identidade cultural que nos une”.

A cerimónia é classificada desde 2015 e encontra-se inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, envolvendo várias localidades que compunham o antigo Couto de Entre-os-Rios: Alpendorada, Várzea e Torrão (Marco de Canaveses), Entre-os-Rios (Penafiel) e Boure (Castelo de Paiva). É este contexto territorial e histórico que torna as Endoenças tão singulares — uma tradição que não pertence a um só município, mas sim a uma identidade ribeirinha partilhada.

Fé, simbolismo e comunhão entre margens

De acordo com a tradição católica, as Endoenças estão ligadas ao conceito de “indulgência”, associado à Sexta-feira Santa, e mais tarde transferido para a Quinta-feira Santa. Ao longo dos séculos, a celebração ganhou contornos únicos, envolvendo barcos iluminados, procissões silenciosas e momentos profundamente simbólicos de reencontro e despedida entre as imagens de Jesus Cristo e Nossa Senhora das Dores.

Num cenário natural de rara beleza, entre pontes, encostas e espelhos de água, a vivência espiritual funde-se com o património e com a paisagem, atraindo visitantes de todo o país e até do estrangeiro.

União entre municípios valoriza o património comum

A união de esforços entre Penafiel e Marco de Canaveses tem sido essencial para manter viva esta tradição, promovendo o território como destino de turismo religioso e cultural. A partilha logística, simbólica e espiritual entre as duas margens reflete o espírito comunitário das Endoenças, onde o sagrado não conhece fronteiras administrativas.

A publicação conjunta de conteúdos como o artigo do Marco de Canaveses no Jornal A VERDADE e a posição da Câmara Municipal de Penafiel sublinham essa dimensão partilhada: as Endoenças são um legado comum, vivido com emoção de ambos os lados do rio.

Três séculos de história

Com mais de três séculos de história e uma carga espiritual única, as Endoenças 2025 prometem novamente emocionar crentes e curiosos. Um testemunho vivo da fé e da tradição, que se renova todos os anos entre Penafiel e Marco de Canaveses, iluminando não apenas as margens dos rios, mas o coração de todos os que ali se reúnem para celebrar esta expressão singular da cultura portuguesa.