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Sociedade
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Serviço de Apoio à Vítima em Paredes registou 257 casos desde 2021

O Serviço de Apoio e Informação à Vítima (SAIV), sediado em Paredes, acompanhou 257 vítimas de violência desde 2021. A maioria dos casos reportados envolve violência psicológica (139), seguindo-se a violência física (97), sexual (13) e económica (8).

Redação

O SAIV é considerado um projeto pioneiro em Portugal, por ser o único com sede numa instituição de ensino superior – o Instituto Universitário de Ciências da Saúde (CESPU). O serviço presta apoio psicossocial e psicológico e encaminha as vítimas para estruturas da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica. Além de Paredes, abrange municípios como Gondomar, Valongo e Penafiel, onde também não existiam estruturas semelhantes.

Madalena Sofia Oliveira, especialista em vitimologia e co-coordenadora do projeto, explicou que a forma mais comum de violência reportada é a psicológica, caracterizada por “insultos, difamações, proibição de contacto com outras pessoas, controlo das saídas, atirar objetos com intenção de intimidar ou usar os filhos como arma de arremesso”. Acrescenta ainda que, em alguns casos, os agressores matam animais de estimação como forma de ameaça direta às vítimas.

Em relação à violência física, foram relatadas agressões como “bofetadas, empurrões, arrastamentos pelo cabelo, cabeçadas” e uso de objetos como armas. Já no domínio da violência sexual, têm vindo a aumentar os casos de agressões a pessoas idosas em relações íntimas, onde o consentimento pode ser condicionado pelo medo ou pela dependência física.

No que respeita à violência económica, surgem situações em que as vítimas são impedidas de aceder a recursos básicos. Exemplos incluem o controlo total do rendimento familiar, a imposição de prestação de contas sobre despesas domésticas ou a usurpação de bens e reformas.

A maioria das vítimas assistidas são mulheres com idades entre os 18 e mais de 65 anos, com maior prevalência entre os 46 e os 55 anos. Entre estas, 67 têm filhos a seu cargo e 38 integram famílias compostas por mãe e filhos. Os agressores identificados são, na maioria, cônjuges ou ex-cônjuges, companheiros ou ex-companheiros – num total de 122 homens e sete mulheres.

Segundo Madalena Oliveira, as vítimas apresentam frequentemente sintomas de perturbação de stress pós-traumático, depressão, ansiedade, distúrbios do sono e terrores noturnos. “Por vezes os sintomas aparecem meses ou anos mais tarde após os abusos”, afirmou.

Recentemente, o SAIV alargou o âmbito do seu regulamento para passar a apoiar também vítimas de assédio laboral, sexual e violência sexual no contexto da comunidade estudantil. Madalena Oliveira acredita que esta nova valência terá uma procura significativa, com base em experiências semelhantes noutras instituições.