De Portugal a Marrocos numa missão solidária. Tiago Gigante agarrou o desafio da Uniraid

A Descoberta da Uniraid e o início de uma aventura

Quando descobriu a Uniraid nas redes sociais, Tiago Gigante, jovem de 26 anos, não hesitou em partilhar a ideia com um amigo: “comprar um carrito e ir a Marrocos para levar brinquedos e bens a crianças de lá”. A proposta foi prontamente aceite, dando início à preparação para uma viagem intercontinental.

O primeiro passo foi encontrar o carro ideal. “Queríamos algo porreiro e como adoro Toyotas tentei arranjar um Starlet, mas acabámos por comprar um Corolla, foi o que conseguimos ao melhor preço”, conta Tiago.

De seguida, os dois amigos dedicaram-se à procura de patrocinadores, recorrendo a amigos, conhecidos e empresas, mesmo aquelas com as quais nunca tinham tido contacto. Os primeiros meses foram preenchidos com reuniões e contactos para alinhar toda a logística.

A preparação do carro e da logística revelou-se exigente. A equipa só ficou pronta “mesmo no limite” da data de partida. Determinados, partiram de Viana do Castelo rumo a Marrocos, realizando logo no primeiro dia 12 horas de viagem.

Durante a travessia por Portugal e Espanha, as paisagens pareceram familiares. No entanto, ao entrar em Marrocos, “entramos num mundo totalmente à parte”. Apesar de esperarem diferenças, os dois aventureiros surpreenderam-se com a profundidade do contraste cultural e ambiental.

A verdadeira experiência Uniraid

A verdadeira aventura começou “logo na etapa zero, mal saímos do ferry”. Cada dia foi um novo desafio. Do frio intenso nas montanhas cobertas de neve, na primeira etapa, ao clima seco e desértico da etapa seguinte, o percurso revelou-se variado e exigente.

Durante a Uniraid, cerca de 220 carros cruzaram o deserto, incluindo 24 viaturas de um grupo unido que acompanhou Tiago e o amigo. Os bens solidários foram inicialmente entregues a um camião de distribuição centralizada, enquanto o restante material foi distribuído diretamente ao longo da viagem.

Desafios logísticos e a realidade no terreno

Transportar cerca de 40 kg de bens num carro antigo foi um verdadeiro desafio. “Era um peso significativo para o carrito”, admite Tiago. A maior surpresa, contudo, foi o clima extremo: dias quentes seguidos de noites muito frias.

A realidade das crianças marroquinas tocou profundamente os viajantes: “vê-se muitas vezes miúdos descalços a andar naquele terreno rochoso e cortante”. Tiago lamenta não ter levado mais calçado e agasalhos para ajudar.

Terminada a aventura, Tiago Gigante descreve a experiência como exigente mas recompensadora: “não é bem umas férias por ser tão cansativo e desgastante, fomos mesmo pela aventura, para sair da zona de conforto”.

O maior impacto foi o lado humano: “ao mesmo tempo conseguir sacar alguns sorrisos das crianças” tornou a viagem memorável. De regresso a Portugal, sente “o sentimento de missão cumprida”.

Recomenda a Uniraid a qualquer pessoa com espírito aventureiro e solidário: “é uma experiência solidária e formativa” — capaz de deixar uma marca tanto nos participantes como nas comunidades apoiadas.