Em entrevista, o atual secretário de Estado da Cultura fala da motivação pessoal para continuar ao serviço da causa pública, do balanço da sua ainda curta passagem pelo Governo e das prioridades que assume enquanto deputado.
Eleito deputado pela Aliança Democrática (AD) pelo círculo eleitoral do Porto nas legislativas de 18 de maio (ocupando o 7.º lugar na lista), Alberto Santos assume com serenidade o novo desafio, mantendo uma forte ligação à cultura e à região do Tâmega e Sousa, onde reside e tem deixado marca.
Em entrevista, o atual secretário de Estado da Cultura fala da motivação pessoal para continuar ao serviço da causa pública, do balanço da sua ainda curta passagem pelo Governo e das prioridades que assume enquanto deputado.
A longa carreira pública de Alberto Santos, ex-presidente da Câmara de Penafiel, advogado, autor e atual Secretário de Estado, tem sido pautada por um sentido de missão. Questionado sobre o que o continua a motivar a permanecer na vida pública, foi perentório: “Saber que posso dar algo de mim à sociedade, à causa pública e, neste caso, ao nosso futuro coletivo”.
Para o deputado eleito pela AD, a política não deve ser um fim em si mesmo: “Uma dependência pessoal exagerada da política não me parece que seja saudável. Ou seja, fazer carreira dentro da bolha política talvez retire a ligação ao mundo real, aos verdadeiros problemas das pessoas”. Neste sentido, na sua perspetiva, é importante manter uma vida profissional fora da politica, mas estar disponível para servir quando for necessário. “Apesar de estarmos a viver alguns tempos em que existe alguma desconfiança dos políticos, a verdade é que se todos nos demitirmos dessa missão […] podemos ter um país e uma comunidade pior servidos”, defende.
Alberto Santos tomou posse como Secretário de Estado da Cultura num contexto marcado pela instabilidade política. “Tomei posse a 13 de fevereiro e o Governo caiu três semanas depois, com a dissolução da Assembleia da República”, recorda. Apesar do tempo limitado, considera que a passagem pelo executivo foi positiva. “O balanço que faço é muito positivo porque é um desafio enorme e um nível de governação completamente diferente daquele onde já desenvolvi a minha atividade”.
Durante esse breve período, procurou ouvir os agentes culturais e preparar e lançar medidas estruturantes. Uma das iniciativas destacadas foi a articulação com o Ministério da Saúde para levar livros e artes aos hospitais, nomeadamente a doentes em convalescença. “Houve uma oportunidade para poder reunir com muitos dos responsáveis dos setores da cultura em Portugal […], sendo que algumas medidas já se prepararam para ser implementadas”, sublinha, referindo também avanços na promoção do livro, da leitura e no apoio às artes. Contudo, admite que algumas políticas ficaram ainda por desenvolver, dependendo agora do novo enquadramento governativo.
Indagado sobre a sua permanência no Parlamento, admite que ainda tudo está em aberto: “Estou a aguardar a formação do Governo para tentar perceber se me manterei na função governativa ou apenas como deputado”. Caso mantenha funções parlamentares, destaca que a cultura será, naturalmente, uma das áreas prioritárias, tal como o desenvolvimento regional e a defesa dos territórios do interior.
Independentemente da área que lhe venha a ser atribuída, a ligação ao território de origem manter-se-á como primazia: “Para mim, claramente a ligação ao território que me elegeu, e nomeadamente esta sub-região do Tâmega e Sousa, será sempre uma prioridade”.
Grande impulsionador do festival literário Escritaria, que se realiza anualmente em Penafiel, Alberto Santos mantém um forte compromisso com a promoção da cultura enquanto fator de coesão e identidade coletiva. “Tudo o que depender de mim e da minha intervenção pública e política, naturalmente que as ações ligadas à cultura […] serão para mim sempre uma prioridade”, garante, referindo-se não só à literatura como também às artes performativas, cinema, museus e outras expressões culturais.
O agora deputado quer continuar a apoiar o surgimento de projetos culturais no Tâmega e Sousa, zona que considera “muitas vezes esquecida” e onde vê espaço para dinamizar iniciativas que reforcem a identidade local e regional.
Na mensagem dirigida à população de Penafiel e do Tâmega e Sousa, Alberto Santos compromete-se a ser uma voz ativa na defesa das necessidades da região. “O que eu posso dizer é que enquanto deputado ou enquanto governante […] procurarei ter esse olhar especial para esta região”, assegura, justificando com o conhecimento que tem do território e com os baixos índices de poder de compra da população.
Entre as necessidades, aponta o reforço do apoio ao hospital local, a conclusão de infraestruturas como o IC35, e a necessidade de políticas dirigidas aos mais vulneráveis e aos pequenos e médios empresários. “Somos uma zona de muitos empresários”, destaca. Nesse sentido, é preciso “um estímulo e apoio para poderem desenvolver a sua atividade e ajudarem a região, o país e também a empregabilidade”.
Com uma visão integradora da cultura e do território, Alberto Santos promete continuar a fazer da sua ação política um instrumento de transformação e desenvolvimento. “A missão pública que me couber será sempre exercida com esse espírito de serviço e proximidade”, conclui.