As declarações surgiram na sequência da conferência de imprensa realizada esta sexta-feira de manhã, dia 16 de maio, e das palavras proferidas pelo líder do executivo social-democrata.
O candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Penafiel, Paulo Araújo Correia diz que o presidente da autarquia Antonino de Sousa “faltou à verdade” e que “mentiu, deliberadamente”.
As declarações surgiram na sequência da conferência de imprensa realizada esta sexta-feira de manhã, dia 16 de maio, e das palavras proferidas pelo líder do executivo social-democrata.
“Uma conferência que considero lamentável, diria até algo caricata”, começou por frisar Paulo Araújo Correia. “O sr. presidente disse que está a reagir a ataques públicos do Partido Socialista e eu gostaria de recordar que, primeiro, esta informação, relativamente aos concursos de contratação pública, foi trazida a conhecimento público, não pelo Partido Socialista, mas, sim, por um jornal local, e por um programa exclusivo da Sandra Felgueiras”, esclareceu.
Paulo Araújo Correia lembrou que Antonino de Sousa “tinha dito a essa jornalista que não queria prestar declarações, porque estava em fim de mandato”. Mas que agora escolheu fazer uma conferência de imprensa, em que “volta a não dar qualquer tipo de explicação plausível para o facto do seu pessoal político ter entrado para a câmara municipal através de um concurso para cantoneiros, tratando-se de pessoas licenciadas e com mestrados”.
Mais grave, definiu, “volvidos entre 3 a 5 meses todos eles foram requalificados como técnicos superiores”.
Ora, na opinião de Paulo Araújo Correia, durante a sessão e perante os jornalistas, o edil municipal disse algo que é absolutamente verdadeiro. Isto é, “ninguém pode ser prejudicado por exercer funções políticas, mas também ninguém pode ser beneficiado por isso”, justificou.
Além disso, afirmou, parece-lhe “estranho que se abram concursos para contratar pessoal, enfim, menos qualificado, para trabalhos mais braçais, como dizia no BEP, e que passados três ou quatro meses a câmara descubra, milagrosamente, a necessidade de contratar quatro, cinco, seis técnicos superiores”.
O mais curioso, segundo o candidato, é que “todos sejam secretários do sr. presidente; esposas do chefe de gabinete do sr. presidente; presidentes de junta; secretárias de junta de freguesia; pessoas que integraram a lista dele às últimas eleições autárquicas”, enumerou, destacando o facto de todos terem entrado neste concurso para funções menos qualificadas e, ao fim de alguns meses, já não estarem a exercer funções para as quais foram contratadas.
Sobre o facto do seu nome ter sido visado durante a sessão, esclareceu que é absolutamente falso dizer que “o presidente do PS Penafiel e líder da oposição acusou a Câmara Municipal de estar a destruir documentos”. “Basta pesquisar nas minhas redes sociais, junto da imprensa, o posicionamento do Partido Socialista sobre essa matéria. Não há absolutamente nenhuma, porque nós estávamos à espera, seriamente e responsavelmente, da reunião da próxima segunda-feira para lhe colocar essas perguntas”, explicou.
“É extremamente estranho que no sábado, com a câmara fechada, na sequência de uma reportagem transmitida na sexta-feira à noite, com factos altamente danosos para a imagem pública e para a transparência da Câmara Municipal de Penafiel e para quem a dirige, uma carinha com funcionários descaracterizados - porque eles não estavam identificados como sendo da Câmara Municipal de Penafiel -, estejam a tirar do arquivo municipal, à vista de todos, milhares de páginas de documentos camarários para dentro de uma carrinha, como lixo fosse”, detalhou.
Aludindo ao facto de Antonino de Sousa ter dado a entender, na conferência de imprensa, que se “estava a fazer uma espécie de transporte da Câmara Municipal para o arquivo", evidenciou que viu com os próprios olhos não ter havido “qualquer cuidado, nem qualquer classificação desses documentos”.
Nesse sentido, deixou um reparo: “Desafiava os serviços a ver e esclarecer como é que, atirando milhares e milhares de páginas para dentro de uma carrinha daquela forma, os documentos ficam sequer em condições de ser analisados e avaliados. Isso é absolutamente estranho”.
“Agora, parece-nos que a preocupação do sr. presidente é passar como vítima no meio disto tudo e, no fundo, fazer do mensageiro, que são os próprios órgãos de comunicação social, os maus da fita”, advogou, frisando que “o que se pedia era que tivesse prestado esclarecimentos em tempo próprio aos jornalistas que o solicitaram e tivesse esclarecido os penafidelenses, sobre, nomeadamente, os períodos experimentais e sobre o porquê do seu pessoal político ter entrado na câmara da forma que entrou”.
Para além disto, o candidato pela coligação Penafiel Quer, Pedro Cepeda, “sendo vice-presidente e uma das pessoas que entrou por esse concurso ser a secretária dele, até ao dia de hoje não lhe conhecemos qualquer opinião sobre o assunto”. “Não prestou uma declaração, não fez um esclarecimento, nada diz aos penafidelenses. hoje nem sequer participou nesta conferência de imprensa”, atentou.
Quanto a isso, destacou, dá a ideia que está a “tentar passar entre os pingos da chuva, afrontando-se aquilo que é a sua obrigação, que é dar esclarecimentos aos penafidelenses e também à oposição".
Após Antonino de Sousa ter mencionado que o canal de denúncia do município existe há dois anos, o candidato socialista afirmou: “É só por ironia que se compreende que diz que o líder do PS, ou seja quem for, desconhece”. “Qualquer entidade pública hoje em dia tem canais de denúncias e são controlados pelo poder político, neste caso pela Câmara Municipal, ou seja, a informação que vai é filtrada”.
Sobre o assunto, esclareceu que foi “inundado nas redes sociais com dezenas de mensagens de trabalhadores, ex-funcionários e de penafidelenses que estavam a relatar as situações em que, no entender deles, se sentiram no fundo maltratados, desconsiderados, mesmo lesados da sua relação com o município”.
“Não é de maneira nenhuma a minha intenção usar depois as denúncias anónimas para fazer política”, afiançou, garantindo que o objetivo é “corrigir situações injustas, se ainda for possível de as corrigir”.
Acima de tudo, pretende-se perceber quais “as práticas erradas da Câmara Municipal de Penafiel em matéria de transparência e em matéria de contratação pública para que nós possamos, no nosso programa do governo autárquico, encontrar propostas que permitam corrigir estas situações e permitam garantir que todos têm acesso à Câmara Municipal de Penafiel em condições de igualdade de oportunidades, como é obrigação de qualquer entidade pública”.
Para terminar, Paulo Araújo Correia constatou: “É óbvio que os canais de denúncia existem, nem percebo esta reação adversa do sr. presidente da câmara, parece até que está preocupado e com medo das informações que nos possam fazer chegar”.
“Se está tão tranquilo e diz que nada de errado fez, qual é a preocupação dele com o canal de comunicação entre uma candidatura e os penafidelenses? É a pergunta que tem que ser feita”, conclui.