De acordo com o perfil traçado pela APAV, 25,4% das vítimas tinham 65 ou mais anos, 84,9% eram de nacionalidade portuguesa e 22,9% residiam no distrito de Faro, o mais representado entre os casos registados (841). Seguem-se Lisboa com 692 casos (19,1%), Porto com 502 (13,7%), Braga com 405 (11%) e Setúbal com 276 (7,5%).
As estatísticas agora divulgadas baseiam-se em processos de apoio desenvolvidos presencialmente, por telefone, e-mail e online entre 2021 e 2024. A APAV sublinha que a vitimação apresenta frequentemente um “caráter prolongado e invisível”. Mais de metade das vítimas (54%) sofreram violência continuada, e quase 30% aguardaram entre dois e seis anos até pedirem ajuda pela primeira vez.
Em 61,3% dos casos (685), a violência ocorreu na residência comum com a pessoa agressora. Apesar da gravidade das situações, apenas 48,7% das vítimas (1.789) apresentaram queixa formal, enquanto 40,6% (1.490) optaram por não o fazer.
Relativamente ao perfil das pessoas agressoras, a maioria são mulheres (1.974 casos, ou 52,9%), com idades entre os 36 e os 55 anos (27,3%). Em 20,7% das situações, tratavam-se de cônjuges das vítimas. A APAV destaca ainda a violência exercida por filhos ou filhas contra os pais, que representa 12,9% dos casos (479), sublinhando a gravidade deste fenómeno, especialmente quando envolve vítimas em idade avançada.
“Estes dados alertam para uma realidade ainda invisibilizada: a violência doméstica contra homens existe, é grave e precisa de respostas adequadas”, frisa a APAV, que disponibiliza atendimento especializado, gratuito e confidencial a vítimas de todos os crimes.
A Linha de Apoio à Vítima – 116 006 – funciona de segunda a sexta-feira, entre as 08h00 e as 23h00.