Em atividade desde 2008, a associação cultural Astro Fingido continua a produzir espetáculos de teatro com temas atuais, pertinentes e sempre ligados às raízes e problemas da comunidade portuguesa.
Oficialmente sediados na Casa de Cultura de Paredes, os diretores técnicos da Astro Fingido, Ângela Marques e Fernando Moreira, partilharam com o Jornal A VERDADE o percurso desta associação, bem como algumas palavras sobre o seu próximo espetáculo.
Com mais de 30 anos de experiência nas artes, os dois diretores formaram, há 17 anos, esta associação de teatro profissional que acabaria por se plantar no concelho de Paredes.
“Porquê Paredes? Bem, isso tem a ver um pouco com a ascendência do Fernando”, revela Ângela Marques. Sendo parte da família de Fernando natural de Lordelo, esta relação afetiva ao concelho acabaria por ajudar na escolha da associação para se estabelecer em Paredes. Contudo, esta não foi a única razão para esta escolha: “Quando decidimos criar a associação tentámos pensar num local fora do Porto com necessidade de um grupo como o nosso.
Assim, acabámos por escolher Paredes por esta ligação afetiva e também pelo facto de não existir aqui nenhum grupo de teatro profissional”, acrescentou a responsável. Nada parece ter sido escolhido ao calhas e Fernando Moreira reforça que a Astro Fingido é uma associação com fortes ligações às comunidades locais.
“Quando decidimos desenvolver-nos no município, sentimos a necessidade de usar a nossa experiência como profissionais para fazer espetáculos próximos dos paredenses e da comunidade”, salientou.
Essa mentalidade tem definido o trabalho da Astro Fingido, em espetáculos como Mulheres Móveis e Moço da Cola, “atuações que fazem parte dos patrimónios imateriais da comunidade”.
A relação do concelho à indústria móvel foi o ponto de partida para estas peças, uma clara evidência da preocupação da associação com a cultura e tradições das pessoas que os rodeiam. “Nós queremos exatamente desenvolver trabalhos cada vez mais ligados à comunidade, falando das questões, mas falando também do mundo que nos rodeia. O nosso teatro não fica indiferente ao que se passa no mundo e à nossa volta”, frisou Fernando.
Abordando temas como o Alzheimer e o flagelo dos incêndios em Portugal, os espetáculos de teatro de Fernando e Ângela não se deixam ficar só pelos temas locais, mas mesmo esses conseguiram encontrar audiência fora da região. “Os nossos espetáculos vão a várias zonas do país, desde o Porto à Nazaré, já andámos por todo o lado. ‘As Mulheres Móveis’, por exemplo, já correram o país inteiro”, conta Ângela.
A próxima atuação da Astro Fingido, No Campo de Girassóis, dá continuidade à vontade de Fernando e Ângela de abordarem temas ligados às raízes locais e aos temas atuais, com um espetáculo ligado às origens na tradição oral recolhida pelo Cancioneiro de Paredes. “Este projeto vai abordar o binómio da relação das pessoas que têm com a ideia da aldeia e da cidade”, começa por explicar Fernando Moreira. No fundo, um estudo da relação “das pessoas de fora com um conceito estranho da aldeia”, a peça foca-se na reação “de figuras da cidade a esta nova realidade”, acrescenta o diretor técnico.
A mudança parece ser o foco deste texto e Fernando Moreira revela que o objetivo desta apresentação passa “por provocar uma reflexão e a procura por respostas” por parte do público. Ângela Marques apresenta No Campo de Girassóis como um “espetáculo de comédia, com um tom farsesco, divertido e com música ao vivo, pelos alunos do Conservatório de Paredes”.
O convite da Astro Fingido fica aqui nas palavras da diretora que apela à população: “Gostávamos de ter uma plateia cheia para nos acompanhar neste espetáculo que vai ser muito divertido”.
A realizar-se no Parque José Guilherme, no dia 2 de agosto, pelas 21h30, a companhia paredense Astro Fingido apresenta o espetáculo No Campo de Girassóis, uma criação com encenação de Fernando Moreira e dramaturgia de Jorge Palinhos.
A peça inspira-se na tradição oral recolhida pelo Cancioneiro de Paredes, e retrata o impacto da chegada de uma jovem citadina a uma aldeia, desencadeando partilhas de memórias, superstições e histórias locais.
A música ao vivo, composta por Ricardo Fráguas, conta com a participação de alunos do Conservatório de Paredes, integrando o programa municipal “A Culturinha sai à rua... para ouvir a Tradição”.