“É a altura certa para agir. A estabilização dos terrenos deve ser feita rapidamente e de forma expedita”, refere a associação em comunicado.
Segundo a Zero, a ausência de medidas efetivas de recuperação pode gerar riscos de erosão, deslizamentos de terras e contaminação de recursos hídricos. A associação sublinha que os solos queimados estão especialmente vulneráveis, uma vez que a destruição da vegetação e a degradação do solo potenciam processos erosivos e de instabilidade, aumentando de forma significativa a probabilidade de inundações e deslizamentos capazes de afetar gravemente infraestruturas e populações.
A organização detalha que os incêndios alteraram profundamente o solo, queimando a matéria orgânica e formando uma camada hidrofóbica que reduz a infiltração da água. Sem raízes e coberto morto, a superfície fica exposta ao impacto da chuva, o que favorece a escorrência e a formação de ravinas.
A Zero acrescenta que “chuvas intensas mobilizam grandes cargas de sedimentos e cinzas que entopem linhas de água, elevam a turbidez e transportam nutrientes (nitratos, fosfatos) que podem desencadear eutrofização”.
Grande parte das áreas protegidas recentemente atingidas pelo fogo situa-se em zonas de forte declive, fator que potencia os riscos de erosão e de arrastamento de sedimentos. Para a associação, estas áreas necessitam de “atenção especial, empenho acrescido e intervenção urgente”.
A Zero defende que os relatórios técnicos de avaliação pós-incêndio devem ser elaborados com celeridade e articulados com as entidades responsáveis no terreno, para identificar as zonas mais vulneráveis e aplicar medidas de estabilização eficazes.
Na visão da associação, estas ações devem ocorrer entre o fim da fase crítica dos incêndios e antes das primeiras chuvas significativas, já que atrasos nesta etapa comprometem a eficácia das intervenções e agravam os riscos ambientais, sociais e económicos.
“Inação neste momento crítico poderá resultar em consequências que poderão ser graves para as populações e os ecossistemas afetados”, reforça a Zero.
Portugal continental tem sido atingido por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro. Os fogos provocaram quatro mortos, entre os quais um bombeiro, vários feridos, e a destruição total ou parcial de habitações de primeira e segunda residência, além de explorações agrícolas, pecuárias e áreas florestais.
De acordo com dados oficiais provisórios, até 29 de agosto arderam cerca de 252 mil hectares no país.