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Marco de Canaveses
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Nova travessia sobre o rio Tâmega em debate na reunião pública do Marco de Canaveses

O lançamento da petição para a construção de uma nova ponte sobre o Rio Tâmega serviu de base para um debate político na reunião pública da Câmara Municipal do Marco de Canaveses desta sexta-feira, 28 de março.

Redação

Em cima da mesa esteve a viabilidade da petição lançada pelos autarcas da região e a concretização de uma nova ponte após cinco anos de conversações. 

Recorde-se que os presidentes das Câmaras Municipais do Marco de Canaveses, Baião, Cinfães e Resende lançaram uma petição dirigida à Assembleia da República, pedindo a construção de uma nova ponte sobre o Rio Tâmega. A iniciativa surge da necessidade de melhorar a ligação entre os quatro concelhos, reduzir os problemas de tráfego e garantir um desenvolvimento mais equilibrado para a região. 

Vereador menciona petição por nova ponte sobre o Tâmega e aponta “inoperância” de anos

O vereador da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, Mário Bruno Magalhães, criticou a recente petição lançada pelas autarquias do Marco de Canaveses, Baião, Cinfães e Resende para a construção de uma nova ponte sobre o rio Tâmega. Segundo o autarca, a iniciativa é uma tentativa de “mostrar serviço” após anos de inação.

“Estranhei ter recebido um e-mail da câmara municipal a pedir para assinar uma petição. A petição é pública, e os senhores vereadores são atentos, sabem bem o que se está a passar. É estranho que agora nos peçam para assinar uma petição, como se isso resolvesse um problema que se arrasta há quase oito anos”, afirmou.

O vereador contestou a solução proposta para a nova ponte. Segundo Mário Bruno Magalhães, a infraestrutura deve garantir ligação direta à A4 e não apenas à variante local. “Construir uma nova ponte e colocá-la a desaguar na variante é o maior erro que se pode ter”, alertou, sublinhando que esta solução não resolveria os problemas de mobilidade da região. “A ponte tem que cair na estrada mais larga, que é na A4. Isto é como um rio, vai desaguar no rio maior e depois certamente vai desaguar no mar. Construir uma ponte para desaguar na variante seria um erro tremendo, um erro estratégico que não resolverá os problemas de mobilidade da região”, afirmou, reforçando a necessidade de uma solução "estratégica e bem planeada".

O vereador desafiou ainda a presidente da câmara a promover um debate público sobre o tema, envolvendo diferentes forças da região. “Precisamos de pensar bem e planear bem o que vamos fazer”, frisou, reiterando com uma crítica ao mecanismo da petição, considerando-o "insuficiente" para concretizar obras de grande envergadura. “Era bom que as petições resultassem em alguma coisa. Precisávamos de um hospital, fazíamos uma petição e tínhamos o hospital. Precisávamos de uma autoestrada, fazíamos uma petição e tínhamos a autoestrada. Mas estes termos são medíocres, completamente redutores e de quem não pensa no planeamento”, declarou.

Cristina Vieira sobre a petição para a nova ponte: “Estou a cumprir as minhas responsabilidades”

A presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, Cristina Vieira, garantiu que está apenas a cumprir o seu dever. “A senhora presidente não está a fazer nada mais do que as suas funções e aquilo que são as suas responsabilidades enquanto autarca que defende os interesses dos marcoenses”, afirmou.

A presidente da câmara esclareceu que a petição não é um ato isolado nem uma iniciativa de última hora. “A petição não foi levada a cabo depois da queda do Governo. Já havia conversações, quer com o anterior Governo, quer com o Governo do PSD. Se, entretanto, o Governo caiu, estamos a abordar o processo com serenidade. Um novo Governo será eleito e a Câmara Municipal do Marco voltará a Lisboa para continuar a reivindicar esta infraestrutura essencial”, garantiu.

Cristina Vieira também abordou o processo do viaduto sobre a Estrada Nacional 211, esclarecendo que a câmara assumiu responsabilidades que não lhe competiam para acelerar a obra. “Este é um processo complexo. O protocolo entre o município e as Infraestruturas de Portugal (IP) foi assinado em maio de 2021, e a câmara assumiu a realização do projeto do viaduto, algo que, na verdade, nem era da sua responsabilidade”, explicou.

A autarca detalhou os "desafios" enfrentados ao longo do processo, desde a pandemia que fez disparar os custos dos materiais até às novas exigências legais que atrasaram a conclusão do projeto. “A revisão do projeto só ficou concluída em dezembro de 2023 e a auditoria de segurança em janeiro de 2024. A versão final do projeto foi consolidada em setembro de 2024. Neste momento, estamos apenas a aguardar que o Governo lance a obra”, afirmou.

A autarca sublinhou que o município já demonstrou disponibilidade para colaborar financeiramente e que essa mesma postura foi mantida tanto com o Governo do Partido Socialista como com o atual executivo do PSD, reiterando que: "O que importa agora é garantir que esta travessia seja construída e que resolva os constrangimentos de tráfego que afetam não só o Marco de Canaveses, mas também os municípios vizinhos”.

Apelo à população: “A petição é um instrumento legítimo”

A autarca aproveitou ainda para apelar à população para que assine a petição. “O senhor vereador chamou a petição de ‘manobra’ e de ‘medíocre’. Eu discordo completamente. Uma petição pública é uma ferramenta legal e legítima que permite às populações e aos autarcas reivindicar aquilo que consideram necessário. Seja uma ponte, um hospital ou qualquer outra infraestrutura”, afirmou.