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Paredes
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Rafael Pacheco: "Já defini a minha meta, quero viver De e Para o futebol"

Treinador, escritor e criador de vários projetos, todos eles ligados à análise desportiva, Rafael Pacheco diz que: “já vivo para o futebol, agora só falta conseguir viver dele”.

Redação

Aos 22 anos, o jovem natural de Paredes decidiu abraçar uma paixão que o próprio guarda: “desde pequeno e que continua até aos dias de hoje”. Assim, Rafael Pacheco iniciou um percurso como treinador de futebol. “Comecei a tirar os cursos e desde então nunca mais parei, meti isto na cabeça e disse a mim próprio que ia conseguir chegar ao topo”, conta o jovem paredense.

Incerto de onde possa ter ganhado este amor pelo desporto, Rafael Pacheco recorda-se de: “Ter sempre gostado de futebol, assisti sempre aos jogos e joguei sempre com os meus amigos. Só nunca joguei por uma equipa porque não foi uma possibilidade”. Apesar de ter escolhido seguir contabilidade na faculdade, o futuro jovem treinador sentiu a necessidade de “fazer mais alguma coisa”. Motivado pela paixão que nunca largou, Rafael Pacheco ingressou num curso de treinador, mais tarde começou a trabalhar com camadas jovens. Entretanto, já escreveu três livros sobre o mundo em campo, criou uma página online dedicada ao comentário de jogos e um canal de YouTube onde já entrevistou vários protagonistas do futebol.

“O meu objetivo é claramente chegar ao nível profissional o mais rapidamente possível, porque é nesse patamar onde vou aprender mais”, adianta Rafael Pacheco como justificação para todos os projetos dos quais faz parte.

Agarrar a vida de treinador

Tirar o curso de treinador foi o primeiro passo de uma jornada que já levou o paredense aos escalões de formação do FC Penafiel, como treinador principal e adjunto, e pelas equipas seniores do AC Vila Meã e AD Lousada, como treinador adjunto.

“Quando comecei pensava que sabia tudo, hoje parece que sei menos”, admite o treinador, enquanto reflete nas suas primeiras experiências. “O primeiro impacto foi grande, não sabia o que tinha de fazer, nem sabia onde tinha de meter sinalizadores no campo nem sabia lidar com os meus jogadores”, acrescentou.

A falta de experiência em campo revelou-se: “muito complicada nos primeiros tempos. Mas hoje em dia acredito que evoluí bastante, que estou melhor, e que daqui para a frente vou continuar a evoluir”, reforçou.

Ser bom treinador é para Rafael Pacheco cita “umas palavras que um professor me disse: O treinador tem que ser tudo e mais alguma coisa”. Dividindo o papel destes formadores por quatro componentes, o jovem explica: “Trabalhamos a parte técnica, tática, física e psicológica. Acredito que o treinador, se quiser dominar minimamente o jogo, também tem de ter, no mínimo, estas quatro componentes”.

O futebol além das quatro linhas

Não se deixando ficar só pelo trabalho em campo, Rafael Pacheco também dedica bastante tempo a outros projetos relacionados com o futebol. Autor de três livros, quando questionado sobre o porquê de se ter dedicado à escrita o paredense responde: “Pensei porque não tentar”.

Durante o período da pandemia, o jovem treinador dedicou-se à leitura de livros sobre o desporto e táticas, algo que o ajudou: “A aprender a um ritmo super acelerado”. Motivado pelo que foi aprendendo ao longo desta jornada, Rafael Pacheco chegou a uma conclusão: “Preciso de um livro em que consiga transmitir os conhecimentos todos que tive até agora”, e daí surgiu o seu primeiro livro.

Olhando para este primeiro lançamento: “Naquele momento achei que estava incrível mas hoje sinto que falta muita coisa”. Desde então, o entusiasta do futebol publicou mais dois livros, um deles recentemente, o “Sucesso - Insucesso”. O autor conta que esta publicação reflete sobre a visão comum no coaching de que "o insucesso não é uma opção", considerando esta ideia como irrealista. Embora a ambição seja positiva, ignorar a realidade pode levar a problemas psicológicos.

O autor defende a importância de aprender a lidar com os episódios de insucesso, afirmando: “não existe insucesso” é uma ideia perigosa, pois “ser extremamente ambicioso é uma coisa, não ter noção da realidade é outra”. Cada pessoa tem um percurso único, com diferentes personalidades, inteligência emocional e contextos. No entanto, acredita-se que “existem comportamentos e atitudes que podem refletir aquilo que é o nosso futuro”. O livro propõe-se, assim, a ser uma ferramenta de aprendizagem conjunta para lidar com o fracasso.

Além destes três livros, Rafael Pacheco também criou a página “Futebol de Bancada”, um projeto que foi criado pela vontade de: “Aparecer para dar a minha opinião sobre futebol, queria que as pessoas lessem aquilo que escrevia”. E foi isso mesmo que as pessoas fizeram, pois o próprio criador revela que: “Foi muito na base dessa página que muitas pessoas começaram a falar comigo, e fazer-me algumas propostas”.

Já o projeto no YouTube “A Visão do Jogo” foi criado com o objetivo de “aprender”. Da escrita para o audiovisual, Rafael Pacheco continuou a expandir o seu leque de projetos com este programa dedicado a “conteúdos mais táticos, mais técnicos, mais específicos sobre o treino”. A decisão de concretizar este projeto surgiu quando o jovem reparou que “era difícil encontrar conteúdos sobre estas vertentes". Então pensei numa maneira de tirar as minhas dúvidas com os principais intervenientes do jogo”, frisa.

Motivação para seguir uma paixão

A este ponto do seu percurso Rafael Pacheco não demonstra sinais de querer abrandar e em conversa com o Jornal A VERDADE o paredense deixa assente: “Se tenho tempo, quero trabalhar. Já defini a minha meta, quero viver De e Para o futebol”. Encarando o futuro de forma realista, o treinador sabe que “o insucesso” vai fazer parte do percurso. “Existem dois tipos de treinadores: Os que já foram despedidos e os que estão prestes a ser”, salienta.

Conciliar a vida de treinador e todos os projetos dos quais faz parte “nem sempre é fácil, mas vou conseguindo fazer tudo. Às vezes mais, às vezes menos”. Em prol de total honestidade, Rafael Pacheco, não esconde que: “Por vezes é desgastante. Houve dias em que trabalhava depois tinha treinos, chegava tarde a casa e depois dedicava-me a fazer análises de jogo até tarde. Sabendo que no dia a seguir tinha de acordar cedo. Cheguei a ter enxaquecas que duravam uma semana”. Descrevendo este período como “muito agressivo” o jovem treinador também não esconde que precisou de “parar um bocadinho. Na altura também decidi despedir-me do meu trabalho para me focar mais um bocado no futebol. Mas lá está, acredito que quem não faz esforços também não consegue chegar ao topo”.

Àqueles que tal como este jovem de Paredes, ambicionam seguir uma carreira como treinador, Rafael Pacheco deixa os seguintes conselhos: “Todos os clubes precisam de treinadores, existem sempre vagas, mas não é, tendencialmente, um trabalho bem remunerado”. Pintando uma imagem realista deste mundo dos treinadores, o paredense deixa claro: “Se queres chegar a um patamar de alto rendimento tens de passar geralmente por um contexto de nível mais baixo”.

As ambições de chegar aos mais altos níveis de competição só se irão concretizar: “Se tivermos uma capacidade enorme de resiliência e inteligência emocional. Pelo menos acredito nisso e que tenho de me focar para conseguir chegar lá”.

Tendo tudo isto em conta, deixar uma mensagem motivacional “não é fácil”, mas para “quem realmente gosta de futebol e quer chegar lá acima, se uma pessoa realmente quiser e estudar e focar-se para ser cada vez melhor acredito que consegue chegar lá acima. É esse o meu pensamento e é dessa forma que tenho quase certeza que um dia conseguirei chegar lá”.