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Penafiel
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“Não serei um provedor de gabinete fechado”: Almiro Mateus assume cargo de Provedor do Utente da ULSTS

O médico Almiro Óscar Mateus assumiu esta sexta-feira, dia 18, o cargo com foco na proximidade, escuta ativa e humanização dos cuidados.

Redação

A Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa (ULSTS) apresentou hoje, em sessão pública no auditório do Hospital Padre Américo, em Penafiel, o novo Provedor do Utente. O cargo será assumido pelo médico Almiro Óscar Mateus, profissional de Medicina Geral e Familiar, com um percurso reconhecido, tanto no setor da saúde como no envolvimento comunitário.

De acordo com a ULSTS, o Provedor do Utente é uma figura independente da hierarquia institucional, com a missão de representar os interesses dos utentes, escutar preocupações, emitir pareceres e propor melhorias, promovendo uma lógica de proximidade, diálogo e defesa do interesse público. A sua atuação não substitui os canais oficiais de reclamações ou pedidos de esclarecimento, mas visa reforçar a qualidade e humanização da resposta prestada.

Presidente da ULSTS destaca percurso e papel de mediação

O presidente do Conselho de Administração da ULSTS, José Luís Gaspar, sublinhou a importância da escolha:

“É fundamental, alguém com este currículo, este percurso, não só em termos profissionais, mas em termos sociais, em termos associativos. Ver o vasto currículo que ele tem, que percorreu ao longo dos anos, nas mais diversas associações, com múltiplos propósitos… Para nós, obviamente, enche-nos de orgulho”.

José Luís Gaspar considera que o novo provedor poderá ser um parceiro essencial na melhoria da prestação de cuidados numa realidade complexa e geograficamente dispersa como a da ULSTS:

“Estamos a falar de dois hospitais, 73 centros de saúde… o nosso doente é da ULS, não é apenas do Padre Américo ou de uma USF específica. Temos de levar o hospital às populações mais afastadas, como Cinfães, Resende, Baião ou Castelo de Paiva”.

Sobre a colaboração prática com o provedor, o presidente explicou: “Vamos pedir que ele também consulte e dê a sua opinião sobre os projetos. Estaremos recetivos, em termos de Conselho de Administração, a todas as sugestões que possa aportar”.

Quanto à duração do cargo, José Luís Gaspar foi claro: “É enquanto quiser e espero que seja por muitos e largos anos, que é bom sinal.”

Provedor compromete-se com proximidade e escuta ativa

Durante a apresentação pública, Almiro Óscar Mateus destacou o significado pessoal e profissional deste novo desafio.

“Aceito este desafio com a consciência da sua exigência, mas também com uma grande determinação. O cargo de provedor representa, acima de tudo, um compromisso com os valores que devem estar sempre presentes numa instituição de saúde pública: o respeito pelo outro, a solidariedade, a defesa da dignidade humana, a escuta ativa e a promoção do bem comum”, enumerou. 

A proximidade com os utentes e a capacidade de escutar foram pontos centrais do seu discurso:

“Sou uma pessoa que tenta sempre estabelecer pontes: pontes de acesso, pontes de comunicação e contacto. Vou trabalhar nesse sentido, com proximidade, de saber escutar, que é diferente de ouvir", relevou, acrescentando: "Também ouvir os silêncios de quem sofre, de quem tem familiares doentes, e dar-lhes uma voz ativa. É essa relação próxima que vou tentar manter”.

Almiro Mateus assegurou que não pretende ser uma figura distante:

“Não serei, nem nunca serei, um provedor de gabinete fechado. Estarei presente, acessível, atento ao que se passa nos corredores, na sala de espera, nos serviços e, sobretudo, na vida real de quem aqui entra, por vezes com medo, com dor e com incertezas”.

Planos de atuação e presença regular

Em declarações à comunicação social, o novo Provedor explicou que pretende estar fisicamente presente na instituição e deslocar-se aos vários concelhos abrangidos pela ULS.

“Gosto de estar presente e olhar as pessoas nos olhos. Farei chegar todas as propostas ao Conselho de Administração e vamos, em conjunto, minorar ou tentar melhorar o acesso e os cuidados", destacou, dizendo: "É evidente que isto vai dar um bocado de trabalho, mas eu não gosto de fugir às minhas responsabilidades, por isso, vamos a isso"

"Quero ser um provedor presente. Vou ter o meu espaço, vamos ter uma linha de e-mail, vou fazer visitas presenciais...”, garantiu ainda.

Sobre a dimensão do desafio, não escondeu a exigência, mas afirmou-se preparado:

“73 unidades é muita gente, é muita responsabilidade, mas a mim nada mete medo. Já não tenho idade para ter medo. Tenho uma vasta formação na área de saúde, na área social… As palavras e os abraços também curam. Aliás, são melhores medicamentos do que, às vezes, os Xanax”, elencou. 

O objetivo é promover uma comunicação mais clara e humana:

“Falta essa voz de dizer à pessoa que está tudo bem. Uma coisa é o tempo posto no ecrã, outra coisa é olhos nos olhos. As pessoas aproximarem-se e dizerem: ‘A sua mãe está bem, aguardamos a análise, demoram quatro, cinco horas, mas está bem. Se quiser, pode ir visitá-la’”, exemplificou. 

Diretora Clínica realça papel do Provedor como elo de comunicação

A diretora clínica da ULSTS, Filipa Carneiro, defendeu o valor desta figura para a aproximação entre a instituição e a população:

“Cada vez mais, não só na perspetiva de cidadão ou provedor – poderíamos dizer até provedor de cidadão – porque nós tratamos populações. E gostamos de saber aquilo que as populações pretendem.”

A médica considera que o novo provedor poderá ser uma mais-valia importante para a humanização dos serviços:

“Pode ser aqui um elo de ligação, um elo de comunicação, para que a humanização e a comunicação, essencialmente dentro da humanização, sejam melhoradas. Ainda por cima uma pessoa como o Dr. Mateus, que é reconhecida como já um provedor de saúde da população, acho que será uma mais-valia para a nossa eficiência e a melhoria da qualidade de vida desta população”, considerou.

Uma missão centrada nas pessoas

Almiro Óscar Mateus encerrou a sessão pública reafirmando o seu compromisso com os utentes e profissionais da instituição:

“Quero que todos aqueles que se dirijam ao provedor – sejam utentes, familiares ou cuidadores – saibam que têm em mim um aliado atento, um rosto humano, disponível e presente.”

Com um discurso fortemente centrado nos valores da empatia e da dignidade, comprometeu-se a escutar não só as queixas, mas também os silêncios:

“Saberei reconhecer o que está bem, mas não deixarei de apontar com lealdade e firmeza o que pode e deve ser melhorado.”

Almiro Mateus quer garantir que a missão do hospital se cumpra de forma cada vez mais centrada nas pessoas:

“O respeito pela dignidade humana começa também dentro das paredes da nossa instituição, com o reconhecimento e valorização do esforço de cada colaborador”, concluiu.