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Porto
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Rede Unir transportou 35 milhões em 2024, mas validações ficaram por contar

A rede Unir transportou cerca de 35 milhões de passageiros em 2024 na Área Metropolitana do Porto, mas falhas de bilhética indicam que o número real poderá ser superior.

Redação

Rede Unir regista 35 milhões de validações em 2024, mas admite falhas no sistema

A Transportes Metropolitanos do Porto (TMP) revelou esta sexta-feira, 9 de maio, que a rede Unir, que serve os 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP), transportou cerca de 35 milhões de passageiros em 2024. No entanto, a entidade reconhece que este valor está subestimado devido a falhas no sistema de bilhética e na articulação com a antiga estrutura dos Transportes Intermodais do Porto (TIP), responsável pela gestão do sistema Andante.

“Acreditamos que o número real de passageiros é superior ao registado. Houve problemas técnicos com a bilhética e dificuldades na articulação com o TIP”, afirmou Marco Martins, presidente da TMP, durante uma reunião do Conselho Metropolitano do Porto.

Segundo os dados apresentados, das 35 milhões de validações estimadas, apenas 31,3 milhões foram completamente contabilizadas. A distribuição por lotes foi a seguinte:

  • Lote 1 (Maia, Matosinhos e Trofa): 10,1 milhões de validações | 9,1 milhões € em receita

  • Lote 2 (Gondomar, Valongo, Paredes, Santo Tirso): 10,8 milhões | 7,9 milhões €

  • Lote 3 (Vila do Conde, Póvoa de Varzim): 1,5 milhões | 1,7 milhões €

  • Lote 4 (Vila Nova de Gaia, Espinho): 7,2 milhões | 5,6 milhões €

  • Lote 5 (Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca, S. João da Madeira, Vale de Cambra): 1,7 milhões | 2,4 milhões €

As remunerações aos operadores superaram os valores de receita, representando um encargo global superior a 50 milhões de euros.


Validações aumentam no primeiro trimestre de 2025

Os dados do primeiro trimestre de 2025 apontam para um crescimento generalizado no número de validações face ao mesmo período de 2024. Destacam-se aumentos de 40% no lote 4 e de 50% no lote 5, sinalizando uma maior adesão à nova rede de transportes.


Andante: sistema obsoleto e prejuízos acumulados

A integração do TIP na TMP trouxe à tona problemas estruturais graves. Marco Martins alertou para uma “estrutura financeira colapsada”, com compromissos herdados de cerca de quatro milhões de euros assumidos sem garantias de verba e com dividendos distribuídos antes da transição.

“O sistema informático é de 2003 e está ultrapassado. Tem sido alvo apenas de atualizações pontuais”, acrescentou, denunciando ainda perdas anuais superiores a meio milhão de euros devido à ausência de comissão nos títulos gratuitos.


Lojas Andante dão prejuízo e TMP quer reforço de pessoal

A situação das lojas Andante também preocupa a TMP, com prejuízos anuais de 1,4 milhões de euros. A comissão de um cêntimo por validação, que nunca foi revista, já não compensa os custos operacionais do sistema.

A estrutura da TMP também exige reavaliação. Apesar de estudos iniciais apontarem para 40 trabalhadores, atualmente o número ascende a 107, incluindo prestadores externos. A previsão é atingir 95 colaboradores até 2028.


Paragens em falta e novas instalações em fase final

Marco Martins lamentou ainda que 35% dos municípios da AMP ainda não tenham todas as paragens da Unir instaladas. A TMP prevê concluir a instalação nos terminais do Porto até ao final de maio.

As obras das novas instalações da empresa, situadas na zona das Antas, deverão estar concluídas até ao final de junho, dando início a uma nova fase de consolidação da rede metropolitana de transporte.