A intensidade competitiva não parou em Berlim. Pouco depois, Francisca seguiu para Singapura para competir no Mundial absoluto — um calendário apertado que exigiu preparação muito cuidada. “A preparação física foi definida entre mim, os meus treinadores Simão e Filipe Marinho e o Dr. Jaime Milheiro. Começámos por gerir o sono durante os voos de ida para Singapura, de modo a tentar replicar o fuso horário de lá e foi muito bem conseguido esse processo. Após isso, toda a adaptação à piscina, alimentação e sono foram bem conseguidas, de forma natural ao longo dos dias, com a ajuda e feedbacks do meu treinador Simão, que me acompanhou durante todo este tempo”, descreve Francisca.
O pormenor da gestão do sono mostra como a logística e a ciência do desporto se misturam ao talento — pequenos cuidados que fazem a diferença quando as provas surgem tão próximas.
Questionada sobre o orgulho de representar Portugal — e sobre se sente, já, a responsabilidade de servir de inspiração a outros atletas —, Francisca adopta um tom bem medido: “O orgulho superou tudo. É sempre uma honra enorme, para mim, representar Portugal. Adoro o nosso país e, quando estou com as quinas ao peito, tento dar o melhor de mim para as dignificar! Não sinto muito essa responsabilidade. Eu tento fazer tudo como acho que deve ser e de forma correta e verdadeira e se há outros atletas a olhar para mim como um exemplo, eu fico muito feliz.” A resposta conjuga humildade e consciência do papel público que as vitórias trazem.
Sobre conselhos para os jovens nadadores, a mensagem é prática e direta: “Na natação, a disciplina é a característica mais importante num atleta. É um desporto muito exigente em termos de horas de treino e é necessário estar tranquilo e mentalizado disso mesmo".
"Além disso, penso que acreditar no trabalho que estão a desenvolver é fundamental para o futuro de um atleta. Por vezes, os resultados não aparecem de um momento para o outro, mas o importante é acreditar que vai acontecer e não deixar de trabalhar para isso”, considera ainda.