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Lousada
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Lousada: Daniel Soares vence prova de Superbikes da Copa Motoval no Estoril com moto original

O piloto lousadense Daniel Soares, natural de Macieira, venceu este fim de semana a prova de Superbikes da Copa Motoval, realizada no Circuito do Estoril. A competir com uma moto completamente original — sem qualquer preparação de competição — o piloto alcançou o primeiro lugar na categoria máxima da competição.

Redação

“Nem sei o que dizer neste momento, estou com as emoções à flor da pele! Isto é apenas o começo do resultado de muito trabalho e dedicação!”, afirmou Daniel Soares, visivelmente emocionado após a prova. “Depois de a minha moto oficial, uma Yamaha R1, ter partido o motor na primeira corrida do campeonato, optei por usar esta BMW toda original (sem suspensão, travagem ou eletrónica de competição)... está completamente de stock. Mesmo assim, consegui ser o mais rápido na minha categoria, conseguindo mesmo o 1.º lugar, batendo uma marca inexplicável numa moto original de 1:44.2 no Circuito do Estoril”, explicou. 

A vitória de Daniel Soares insere-se numa competição integrada na Copa Motoval, uma organização espanhola que decorre paralelamente ao Campeonato Nacional de Velocidade. A prova contou com uma grelha de cerca de 24 participantes, oriundos de vários países, como Portugal, Espanha e África do Sul. “Tinha algumas nacionalidades. Estavam lá de todo o tipo de países”, acrescentou o piloto.

Daniel Soares compete desde 2018 e esta não é a sua primeira vitória. “Já tenho outros prémios, tanto no Campeonato Nacional Português como noutros campeonatos e copas em que participei”, indicou. Fora das pistas, trabalha na área automóvel, onde gere um stand, e também participa ocasionalmente em provas de rallycross. “Sem tirar o mérito aos carros, de vez em quando faço uma corrida também aqui nos nossos campeonatos de rallycross e tenho feito boas pontuações, tanto segundos, como terceiros, como quartos lugares. Aliás, fiz um quarto lugar na Taça de Portugal de Rallycross no ano passado”, destacou. 

Sobre o início da sua ligação às motos, Daniel lembrou: “Já desde pequenino que eu tinha o gosto pelas motos, querer andar, querer competir. Entretanto, só consegui entrar na competição mais tarde, quando a nível financeiro me estabilizei". "E pronto, entrei a fundo e fui aperfeiçoando cada vez mais até chegar ao nível que estou”, congratulou-se.

Apesar do sucesso, Daniel realçou as dificuldades financeiras do desporto: “É muito caro, monetariamente muito caro. Sem ajudas. Mas, tentamos fazer da melhor forma e vamos tentar fazer o campeonato todo, mas sem contar com ajudas”. Atualmente, conta apenas com uma ou duas parcerias simbólicas, sem apoio financeiro. 

A nível competitivo, a sua estrutura é reduzida, mas eficaz. “Somos quatro: dois pilotos e dois mecânicos, um para cada moto. A equipa é nossa, pertence mesmo a mim, não tem nome. Ou seja, os custos são totalmente meus. Já corri em equipas, mas, entretanto, agora não", destacou.  "A nossa equipa é composta por mim e pelo Miguel Romão, que corre no Campeonato Nacional”, elencou. 

Em termos de preparação, Daniel treina essencialmente a nível físico. “Ginásio, corrida, trail, tudo o que é nível físico, faço. De vez em quando, se houver um 'track day', é que pego na moto e vou”, afirmou. 

Sobre o seu estilo competitivo, descreve-se como mentalmente forte: “Da grelha, devo ser dos mais fortes mentalmente. É isso que me leva a ter bons resultados, porque sou de arriscar tudo ou nada”, assegurou. 

Com provas marcadas para 7 de junho, em Jerez de la Frontera, e entre 18 e 20 de julho, em Portimão, Daniel pretende continuar a destacar-se no campeonato, esperando competir em breve com a sua moto oficial já reparada. “Acho que consigo melhorar ainda bastante quando voltar a correr na minha moto oficial”, garantiu.

Apesar dos resultados, admitiu sentir falta de reconhecimento local. “Lousada não é só automobilismo... Sempre que vou ao pódio, falo o nome da minha terra. Mas a autarquia importa-se muito com o nome da pista da Costilha e esquece-se do resto dos pilotos que vão para Espanha, Itália ou França representar a terra.” Daniel espera que essa realidade mude, mas mantém o foco nas corridas e na sua evolução como piloto.