De acordo com a responsável, já foram avaliadas 68 pessoas. A diferença em relação ao número total de pedidos explica-se por desistências, faltas a entrevistas, casos sem violência sexual ou situações ocorridas fora do contexto da Igreja Católica. Atualmente, apenas sete pedidos permanecem em avaliação, correspondendo a requerentes mais recentes, com entrevistas agendadas para setembro.
O grupo Vita comprometeu-se a concluir a maior parte dos pareceres até ao final de agosto, de forma a permitir que avance o trabalho da comissão de fixação das compensações, a ser designada pela CEP. Este novo grupo incluirá duas pessoas do Vita, que encerra agora funções.
Segundo Rute Agulhas, a maioria das vítimas entrevistadas deu um “feedback positivo”, afirmando ter-se sentido escutada e validada. “A esmagadora maioria verbaliza que foi um momento importante e não de revitimização”, destacou. A maioria das pessoas defende ainda que as indemnizações sejam avaliadas caso a caso, e não num pacote global.
A responsável sublinhou que a motivação principal das vítimas não é o valor monetário, mas sim o reconhecimento e a escuta por parte da Igreja. Várias manifestaram intenção de doar o eventual apoio financeiro a familiares, bombeiros ou instituições de solidariedade.
O grupo Vita assinala também que muitas vítimas relataram abusos sofridos noutros contextos, como no seio familiar, escolar ou desportivo, considerando que é na Igreja que têm sentido maior acolhimento.
A CEP e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) aprovaram unanimemente a atribuição de compensações financeiras às vítimas de violência sexual — crianças ou adultos vulneráveis — no contexto da Igreja Católica, complementando o trabalho de prevenção desenvolvido pelo grupo Vita, pelas Comissões Diocesanas e pelas estruturas religiosas.
Num balanço paralelo, o grupo Vita referiu que continua a reforçar parcerias e a desenvolver ações de formação e capacitação, já abrangendo mais de 3.800 pessoas. Estão ainda em fase final dois programas de prevenção primária da violência sexual: o “Programa Girassol”, dirigido a crianças dos 6 aos 9 anos, e o “Lighthouse Game”, um jogo digital para jovens dos 10 aos 14 anos, que serão apresentados publicamente a 30 de setembro em Lisboa.
A Igreja Católica prepara também o congresso “Da Reflexão à Ação: O Papel da Igreja Católica na Prevenção e Resposta à Violência Sexual”, agendado para 27 de novembro, em Fátima. O encontro pretende refletir sobre o percurso já realizado, consolidar práticas de prevenção e projetar estratégias futuras no combate aos crimes sexuais no seio da Igreja.