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António Pinharandas foi o atleta mais velho a competir no Campeonato Nacional de Kickboxing

Redação

"Qualquer arte marcial nos torna melhores pessoas"

António Pinharandas

António Pinharandas, natural da Guarda, mas Lousadense há 26 anos, é a prova viva de que não existe idade para iniciar uma nova atividade, neste caso, desportiva. Aos 51 anos competiu pela segunda vez na vida no Campeonato Nacional de Kickboxing. 

Ao longo de toda a vida foi adepto e praticamente "assíduo" de desporto. Amante de ginásio, corridas e bicicleta, António Pinharandas chegou a praticar Taekwondo quando era novo, mas acabou por deixar a modalidade. Aos 44 anos foi desafiado a experimentar Kickboxing pelo mestre Nelson Aguiar que viu "potencial" no novo atleta e incentivou-o, mais tarde, a ingressar nas competições. 

António Pinharandas decidiu experimentar a modalidade para "manter a forma física", mas o processo foi "evoluindo" e a competição acabou por "fazer sentido". 

Embora a sua vida profissional esteja ligada ao setor ótico, António Pinharandas "nunca deixou" o desporto de parte. "Sou assíduo. Vou de férias e pratico sempre alguma coisa. Nunca estou parado e acredito que isso fez com que com esta idade eu ainda tenha alguma agilidade para competir". No entanto, dá muito do seu mérito ao treinador Nelson Aguiar, responsável pela "motivação" que o fez levar o desafio avante.

António Pinharandas partilha também que não esperava graduar e, atualmente, vai para o sexto escalão, isto é, o cinto vermelho e, mais uma vez, o treinador fá-lo acreditar que ainda chegará ao negro. 

"É preciso ter força de vontade, a maior desculpa que existe no desporto é 'eu não tenho tempo para isso', mas eu toda a minha vida chegava a maio e eu levantava-me às cinco da manhã para ir correr uma hora, só não tem tempo quem não quer. Viajo muito, faço metade do país e as ilhas e garanto que arranjo sempre tempo para treinar, não paro", afirma em conversa com o Jornal A VERDADE.

Por sua vez, Nelson Aguiar partilha que a função do mestre é "orientar os atletas no caminho certo e ajuda-los a atingir os objetivos que eles pretendem", acrescentando que no caso do 'Pinharandas', o objetivo inicial era "perder peso e aprender a defender-se", mas pouco tempo depois acabou por se tornar "um exemplo de dedicação e empenho para os mais novos, e como a idade é apenas um número e o espírito jovem dele apelava a mais e mais surgiu a intenção de o levar a competição e assim foi. Este ano competiu pela segunda vez consecutiva e tornou-se um exemplo dentro da própria Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai". 

Conviver com pessoas jovens e aceitar novos desafios tem contribuído para manter e aumentar o espírito jovem. "Tenho uma mente jovem, o que faz com que eu me mostre disponível para tudo. A primeira vez que competi o coração quase me ia sair pela boca, mas agora já vou mesma naquela de é uma competição, são dois minutos de cada vez".

No Campeonato Nacional de Kickboxing, em Matosinhos, competiu na categoria de Veteranos -94kg e foi 3.º classificado. "Posso não ficar muito tempo em competição, mas irei treinar enquanto poder", garante.

Apesar do bom desempenho que tem tido, António Pinharandas confessou que "as pessoas gozam connosco. Ouço expressões como 'andas a pagar para levar no focinho' ou 'deixa lá isso que não é para a tua idade'". Perante estes comentários a "única solução" é "ignorar. Quando me sento ao almoço com pessoal da minha idade toda a gente vem com essa conversa, mas quando nos levantamos da mesa têm problemas de joelhos, cintura, ancas e eu levanto-me e corro dez quilómetros se for preciso e esta é a maior prova que posso dar".

Neste sentido e após sentir na própria pelo os resultados do desporto, o homem de 51 anos deixa um conselho a todos, mas sobretudo aos mais jovens e pais: "Toda a gente deveria praticar, é muito bom a nível físico e psicológico, principalmente os miúdos. Qualquer arte marcial faz com que se tornem boas pessoas, mais pacíficos. Se o dia correu menos bem, isto faz-nos libertar, é diferente, a arte marcial cria regras e respeito. Pais incentivem as crianças a ir, quando somos novos é fácil abandonar porque é chato treinar todos os dias ou 3/4 vezes por semana, no inverno está frio, mas ao fim e ao cabo torna-se um vício saudável sem o qual não conseguimos viver".

Um vício que acompanha António Pinharandas desde jovem e que se reflete, por exemplo, nas análises que realiza todos os anos: "Faço o check up anualmente e não tenho nada fora da norma. Pode sempre acontecer alguma coisa porque não controlamos, mas aquelas doenças que aparecem a partir de uma certa idade por estarmos parados eu não tenho tinha nada disso".