logo-a-verdade.svg
Porto
Leitura: 4 min

Grupo de trabalho da Assembleia Municipal do Porto conclui que Metro do Porto comunicou prazos inexequíveis de obras

O grupo de trabalho da Assembleia Municipal do Porto (AM Porto) para o acompanhamento de investimentos em transporte público concluiu que a Metro do Porto comunicou prazos de execução de obras “fisicamente inexequíveis”, alertando ainda para contradições entre as entidades envolvidas no projeto do metrobus.

Redação

De acordo com o relatório final de atividades do Grupo de Trabalho para Acompanhamento de Investimentos de Transporte Público (GT-AITP), datado de setembro e consultado pela agência Lusa, o grupo “constatou, ao contrário do que a Metro do Porto SA comunicava publicamente, que os prazos anunciados não eram exequíveis”.

O documento refere que tal situação levou à criação de “expectativas infundadas na população”, prejudicando a credibilidade dos projetos. “O facto de, hoje, nenhum dos prazos anunciados pela Metro do Porto SA se terem concretizado demonstra que, infelizmente, o grupo de trabalho tinha razão, lamentando-se que os seus alertas não tenham sido tidos em consideração, pelo menos em termos comunicacionais”, lê-se no relatório.

O grupo, criado em fevereiro de 2024 e composto por representantes de todas as forças políticas da Assembleia Municipal, aponta ainda “contradições nas informações fornecidas” pelas diversas entidades envolvidas nos projetos de transporte público, nomeadamente pela Metro do Porto SA, STCP e Câmara Municipal do Porto, em especial no que respeita à linha do metrobus da Boavista.

Essas divergências, refere o relatório, “indiciam descoordenação e desalinhamento entre as entidades envolvidas”, o que acabou por “provocar maiores transtornos para os cidadãos, para o município e para o interesse público”.

O GT-AITP destacou também atrasos na resposta da Metro do Porto às questões colocadas, que “em várias ocasiões só ocorreram após insistência formal ou protesto público”. O grupo lamenta ainda que o seu último parecer sobre as obras da segunda fase do metrobus tenha sido “completamente desprezado pela empresa”, apesar de ter sido a própria Metro do Porto a solicitá-lo.

Apesar das críticas, o relatório reconhece que algumas recomendações do grupo foram acatadas, sobretudo ao nível da gestão das empreitadas e da mitigação do impacto negativo das obras na cidade, “ainda que tal não tenha sido publicamente reconhecido pelos responsáveis da sua implementação”.

Durante o seu funcionamento, o grupo de trabalho reuniu-se 18 vezes, emitiu seis relatórios, dois ofícios e um parecer, e manteve encontros com os presidentes da Metro do Porto (Tiago Braga), da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (Cristina Pimentel) e da Câmara Municipal do Porto (Rui Moreira), além de promover várias trocas de informação com técnicos e serviços municipais.

No relatório, o GT-AITP recomenda a manutenção do grupo de trabalho no próximo mandato autárquico, salientando que “nenhuma das empreitadas analisadas se encontra concluída” e que há novas obras relevantes previstas, como a linha de alta velocidade e os projetos das novas linhas de metro (Gondomar, Maia 2, São Mamede e Circular do Porto).

Segundo o documento, o acompanhamento destas iniciativas “é fundamental desde a fase de conceção”, garantindo uma fiscalização contínua e transparente dos investimentos públicos em mobilidade na Área Metropolitana do Porto.