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Vila Nova de Gaia
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Luís Filipe Menezes anuncia auditorias externas em Gaia e denuncia "irregularidades e ilegalidades"

O presidente da Câmara Municipal de Gaia cancelou concursos milionários e anunciou a criação de um Departamento de Transparência. Autarca garante que situações suspeitas, como o uso de fundos públicos para sondagens, serão remetidas ao Ministério Público.

Redação

O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, anunciou esta semana a realização de uma vaga de auditorias externas independentes aos serviços da autarquia e às empresas municipais. Numa declaração publicada nas redes sociais, o autarca justificou a decisão com o cenário de "desorganização, irresponsabilidade, irregularidades e ilegalidades" que afirma ter encontrado ao assumir funções.

Menezes garantiu que este processo não visa "perseguições ou ajustes de contas", mas sublinhou a necessidade de transparência para "recuperar a confiança dos munícipes".

Águas de Gaia e concursos anulados

Entre as prioridades das auditorias está a empresa municipal Águas de Gaia. Luís Filipe Menezes revelou ter anulado um concurso público no valor de 510 milhões de euros que, segundo o autarca, implicaria um aumento de "350% na fatura ambiental" suportada pelos munícipes.

O edil criticou ainda a gestão financeira da empresa, apontando a "construção de uma sede sumptuosa por 12 milhões de euros" numa altura em que a Águas de Gaia se encontra "deficitária", dependendo de transferências anuais da Câmara na ordem dos 8 a 10 milhões de euros.

Paralelamente, foi anunciado o cancelamento de um concurso de 6 milhões de euros destinado à aquisição de contentores de biorresíduos. Menezes fundamentou a decisão classificando a utilidade destes equipamentos como "muito discutível", baseando-se nos resultados da experiência-piloto realizada na Afurada.

Urbanismo e o caso "Torre de Babel"

A Gaiurb, empresa responsável pelo urbanismo e habitação, será igualmente alvo de escrutínio. O presidente da Câmara pretende averiguar as razões para o aumento dos tempos de aprovação de processos que, segundo o mesmo, passaram de semanas para "meses ou anos" na última década.

A auditoria incidirá também sobre a suspensão do Plano Diretor Municipal (PDM) e a gestão do território através de unidades de execução. Menezes criticou a aprovação de "torres imensas em sítios inapropriados, nomeadamente junto à costa marítima", associando estas práticas a "situações muito infelizes", fazendo referência direta ao processo judicial "Torre de Babel".

Para mitigar a opacidade, o autarca prometeu repor o sistema digital da Gaiurb, permitindo aos cidadãos o acompanhamento dos seus processos em tempo real.

Recursos humanos e participação ao Ministério Público

Na estrutura da Câmara Municipal, as auditorias focar-se-ão na política de recursos humanos e na contratação pública. Luís Filipe Menezes questionou o facto de um aumento de dois mil trabalhadores nos quadros não se ter traduzido numa melhoria dos serviços e levantou dúvidas sobre "centenas de ajustes diretos" que não terão passado pelo crivo do executivo ou da Assembleia Municipal.

O autarca admitiu ainda que algumas das situações detetadas serão encaminhadas para o Ministério Público, destacando, a título de exemplo, a alegada "utilização ilegal de dinheiros públicos para sondagens eleitorais com o nome de adversários políticos".

Novo Departamento de Transparência

Com o objetivo de preparar o futuro e prevenir novas irregularidades, Menezes anunciou a criação de uma Direção Municipal dos Assuntos Jurídicos, que integrará um novo

Departamento de Transparência e Auditoria.

Entre as novas medidas de escrutínio público, destacam-se:

  • A criação da figura do Provedor do Munícipe;

  • A publicação de todos os ajustes diretos;

  • A transmissão em direto das sessões da Assembleia Municipal;

  • O lançamento de um portal de reclamações dedicado aos clientes da Águas de Gaia.

"Tudo isto é para que os munícipes voltem a sentir confiança na Câmara Municipal de Gaia", concluiu o autarca.