O acordo, formalizado através de um Memorando de Entendimento, foi assinado entre a Nani Holdings S.à r.l., entidade detida pela Lone Star e atual acionista maioritária do Novo Banco, e o Groupe BPCE, prevendo-se que a conclusão da transação ocorra no primeiro semestre de 2026.
Em paralelo, o BPCE revelou estar em negociações com o Governo português e com o Fundo de Resolução Bancária para adquirir as respetivas participações de 11,5% e 13,5% no capital do Novo Banco, em condições semelhantes às acordadas com a Lone Star.
O grupo francês salienta que esta operação, avaliada em cerca de 6,4 mil milhões de euros, corresponde a um múltiplo de cerca de 9 vezes os lucros anuais da instituição, tornando-se, assim, na maior aquisição transnacional na zona euro nos últimos 10 anos.
Com a conclusão da compra, Portugal passará a ser o segundo maior mercado de retalho do grupo BPCE, que atualmente emprega mais de 3.000 pessoas no país, nomeadamente no seu centro de competências multiempresarial no Porto, criado em 2017.
Para o Novo Banco, a decisão da Lone Star representa uma “oportunidade estratégica” e uma nova fase de crescimento, ao integrar um dos maiores e mais sólidos grupos financeiros europeus, com presença relevante no segmento de banca de proximidade através das marcas Banque Populaire e Caisse d’Epargne.
Em comunicado, o Novo Banco considera que esta operação “conclui o processo de transformação” iniciado com a sua reestruturação, tendo-se tornado “num dos bancos mais rentáveis da Europa”, com um objetivo de rentabilidade sobre o capital tangível (RoTE) de médio prazo superior a 20%.
O presidente executivo do banco, Mark Bourke, afirmou que a integração no grupo francês reforça a “missão de apoiar as famílias e empresas portuguesas”, sublinhando que o Novo Banco “ganha a força e a dimensão de um dos grupos financeiros mais sólidos da Europa”, assegurando “um futuro de longo prazo assente na solidez, na confiança e numa ambição conjunta”.
Por sua vez, o CEO do Groupe BPCE, Nicolas Namias, destacou o desempenho do Novo Banco, que detém 9% de quota no mercado de clientes particulares e 14% no segmento empresarial, considerando que a instituição portuguesa apresenta sólidos fundamentos, forte potencial de crescimento e elevado nível de rentabilidade.
Namias reforçou ainda que, com esta aquisição, o grupo passa a ter um papel relevante na banca comercial europeia, participando de forma ativa no financiamento da economia portuguesa, e demonstrou entusiasmo com a integração da equipa de gestão e dos 4.200 colaboradores do Novo Banco no universo do BPCE.
O Groupe BPCE é o segundo maior grupo bancário em França e o quarto maior da zona euro em termos de capital, contando com 100 mil trabalhadores e servindo 35 milhões de clientes em todo o mundo.
O Novo Banco foi criado em 2014 na sequência da resolução do Banco Espírito Santo (BES). Em 2017, a Lone Star adquiriu 75% do capital da instituição, tendo o Fundo de Resolução Bancária permanecido como acionista minoritário. Desde então, o fundo público injetou 3.405 milhões de euros no banco, medida que gerou ampla controvérsia política e mediática.
O fim antecipado do mecanismo de capital contingente, previsto para o final de 2024, abriu caminho à atual operação de venda. A Lone Star já havia anunciado a intenção de vender parte do capital em bolsa e distribuir dividendos, com o objetivo de aumentar a atratividade do banco junto dos investidores.