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Portugal
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Estudantes do Ensino Superior devem mais de 36 milhões de euros em propinas às universidades

Os estudantes do Ensino Superior público acumularam 36,1 milhões de euros em dívidas de propinas nos últimos três anos letivos, segundo dados recolhidos junto de 14 universidades e politécnicos portugueses e divulgados pelo Jornal de Notícias.

Redação

Entre 2022 e 2025, as instituições conseguiram recuperar 16,5 milhões de euros, tendo ainda remetido 3.653 processos de cobrança coerciva à Autoridade Tributária. Apesar disso, o montante em dívida continua elevado e preocupa as instituições.

O ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa lidera a lista, com 15,8 milhões de euros em propinas por pagar, seguido pela Universidade do Minho (7,1 milhões de euros) e pela Universidade do Porto (4,6 milhões de euros). Entre os institutos politécnicos, destacam-se o de Setúbal (1,8 milhões de euros) e o de Leiria (1,3 milhões de euros).

As instituições contactadas apontam como principais causas do incumprimento os atrasos na atribuição das bolsas de ação social, o abandono escolar e as dificuldades económicas das famílias.

Embora desde 2015 exista a possibilidade de cobrança coerciva através do Fisco, várias universidades continuam a tentar resolver os casos de forma administrativa, recorrendo a planos de pagamento faseado e negociações diretas com os estudantes em dívida.

Os dados recolhidos referem-se a um universo de 133.755 alunos das 14 instituições analisadas, num total de 363.457 estudantes matriculados no Ensino Superior público no ano letivo de 2024/2025.

O tema das propinas regressa ao debate político numa altura em que o Orçamento do Estado para 2026 prevê o descongelamento da propina máxima, que deverá subir dos atuais 697 para 710 euros.

Esta medida tem motivado contestação por parte das associações académicas, que alertam para o agravamento das desigualdades no acesso ao Ensino Superior e para a persistência de problemas como os atrasos nas bolsas e a falta de alojamento acessível.

Está prevista uma manifestação estudantil no dia 28 de outubro, junto à Assembleia da República, coincidente com o último dia do debate orçamental, em protesto contra o aumento das propinas e pela defesa de melhores condições de apoio aos estudantes.