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Marco de Canaveses
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Francisca Carneiro emigrou aos 15 anos para Toronto: “Se quero uma vida boa, tenho de construir o meu caminho”

Natural do Marco de Canaveses, Francisca Carneiro emigrou para o Canadá com a família. Onze anos depois, construiu uma vida estável em Toronto com base na determinação e na vontade de fazer mais.

Redação

Quando Francisca Carneiro soube que os pais planeavam mudar-se para o Canadá, tinha 15 anos e preparava-se para entrar no ensino secundário. Criada em Marco de Canaveses não imaginava deixar os amigos e a escola, mas a decisão da família falou mais alto.

O pai foi o primeiro a emigrar, seguindo o exemplo de familiares que já viviam em Toronto desde os anos 70. Arranjou rapidamente trabalho e, com a vida mais estável, a ideia de reunir a família concretizou-se. “O meu irmão mais velho veio primeiro, depois eu e a minha mãe juntámo-nos quando terminei o 9.º ano”, conta.

A chegada a Toronto foi desafiante. “Já sabia o que queria estudar, mas tive de me adaptar a um sistema de ensino totalmente diferente. Apesar de saber inglês, tinha vergonha de falar por medo de errar”, recorda. No início, sentiu-se isolada, mas acabou por integrar-se graças à forte comunidade portuguesa existente.

Com o tempo, Francisca foi ajustando os seus planos. “Muitas amigas diziam que iam voltar para Portugal. Também pensei nisso, mas percebi que os meus pais tinham aqui uma vida mais estável e que talvez fosse melhor construir o meu caminho aqui.”

Concluir o ensino superior parecia difícil devido aos custos elevados. Começou a trabalhar numa padaria e adiou os estudos. No entanto, ao regressar a Portugal de férias, viu amigas e primas na universidade e sentiu que também podia ambicionar mais. “Se só tiver o secundário, vou ficar limitada.”

Decidiu voltar a estudar e concluiu um diploma universitário. “Se vou viver aqui, tenho de fazer por mim. O Canadá deu-nos estabilidade e tenho de aproveitar essa oportunidade.”

Hoje trabalha na área administrativa de uma empresa de transportes e sente-se realizada com o percurso feito. “Foi preciso esforço, mas valeu a pena. A minha vida aqui faz sentido e quero continuar a crescer.”

Apesar da distância, mantém laços com Portugal. “Sempre que posso, vou visitar a família e matar saudades da terra. É lá que estão as minhas raízes, e isso nunca se perde, mesmo a viver do outro lado do oceano.”

Francisca acredita que a chave foi nunca se acomodar. “Se quero uma vida boa, não posso estar sempre a seguir os outros. Tenho de construir o meu próprio caminho.”