Madalena Moutinho, de 10 anos, vai participar em Pequim no concurso internacional “Chinese Bridge”, sendo a primeira aluna portuguesa do ensino básico a representar o país.
Madalena Moutinho, de apenas 10 anos, vai representar Portugal no concurso internacional de língua chinesa “Chinese Bridge”, que decorre entre 16 e 26 de setembro, em Pequim. O evento reúne jovens de todo o mundo que estudam mandarim e, pela primeira vez, contará com uma aluna portuguesa do ensino básico.
A jovem frequenta o Agrupamento de Escolas Clara de Resende, no Porto, e estuda mandarim na escola Boya Xue Tang, em Vila do Conde. Entre entusiasmo e alguma ansiedade, assume a responsabilidade de representar o país:
“Existe um pouco de ansiedade, estou a sentir o peso da responsabilidade de representar Portugal, mas também acho que vou para lá divertir-me e conhecer novas pessoas”, afirmou à Lusa.
No concurso, Madalena terá de demonstrar proficiência linguística, conhecimento cultural e apresentar um talento. A escolha recaiu sobre uma dança tradicional chinesa, após uma introdução oral em mandarim perante o júri.
Para se preparar, divide o tempo entre os estudos regulares, ensaios de dança e consumo de conteúdos em chinês, desde filmes a aplicações digitais.
“O meu talento é a dança tradicional chinesa. Nós temos um texto de apresentação e logo a seguir faço a prova de dança”, explicou.
Em casa, a aprendizagem ganhou até momentos de diversão: responde por vezes em mandarim aos pais, que não entendem a língua, e utiliza expressões com as amigas quando quer falar em segredo.
A professora Sara Shi, fundadora da escola Boya Xue Tang em Vila do Conde, acompanha de perto a preparação da aluna.
“A Madalena é uma aluna muito inteligente, aprende depressa e fala como os chineses falam, mas pode trabalhar mais porque tem capacidade para ser ainda melhor”, sublinhou.
A docente, que vive em Portugal há 13 anos, destaca a relevância do feito: “Este concurso é muito importante para a Madalena e também para a nossa escola, nunca tivemos um aluno neste nível”.
A instituição, frequentada por cerca de 80 alunos, funciona com o apoio da Associação para o Desenvolvimento dos Chineses em Portugal, promovendo também atividades culturais como o Ano Novo Chinês.
Para a família, a participação de Madalena é motivo de grande orgulho. A mãe, Liliana Pires, recorda que a filha já tinha vencido competições nacionais em 2023 e 2025, realizadas em Lisboa.
“Estamos todos muito felizes e muito orgulhosos, porque é a primeira vez que, no primeiro ciclo, uma aluna de mandarim portuguesa vai representar Portugal”, afirmou.
A ligação à cultura chinesa começou em Macau, onde os pais viveram e despertaram o interesse da filha pela língua. “É importante permitir às crianças a oportunidade de falarem várias línguas, vivemos num mundo global e, desde a primeira hora, apoiámos este gosto da Madalena pelo mandarim”, acrescentou a mãe, que acompanhará a filha à China.
Com apenas 10 anos, Madalena já define objetivos para o futuro. “Eu penso que aprender mandarim é muito importante para o futuro e para o mundo em que vivemos, eu gostava de ser tradutora”, revelou.
Independentemente do resultado em Pequim, a estudante considera a experiência “única” e acredita que marcará a sua vida pessoal e académica.