Segundo o Jornal de Notícias (JN), o jogador, que faleceu tragicamente num acidente de viação em Espanha, ao lado do irmão André Silva, manteve sempre uma forte ligação às suas origens e àqueles que o ajudaram nos primeiros passos da carreira.
De acordo com o JN, Jota abdicou das prendas do seu casamento com Rute Cardoso, celebrado a 22 de junho, e pediu aos convidados que transformassem essas ofertas em donativos para os Bombeiros de Gondomar ou para instituições de defesa dos animais.
“Não queria prendas, preferia que ajudassem”, revelou ao jornal um dos convidados da cerimónia. “Era um grande defensor dos animais”, acrescentou a mesma fonte.
A dimensão humana de Diogo Jota não surpreende Teresa Barbosa, antiga cozinheira do lar do Paços de Ferreira, onde o jogador viveu antes de atingir o estrelato.
Em declarações ao JN, Teresa recorda episódios marcantes da sua relação com o jogador: “Foi para Inglaterra e, passados tantos anos, podia ter-se esquecido de tudo o que viveu aqui, mas não, nunca se esqueceu de mim. Convidou-me para o casamento e sentou-me junto dos familiares dele. Houve um episódio que me tocou muito. Estávamos todos à mesa e, quando acabou uma dança, passou por mim, agarrou-me na cabeça, deu-me um beijo e foi sentar-se no lugar dele.”
Diogo Jota é descrito como alguém com forte sentido de responsabilidade e de solidariedade, especialmente com os jovens em contextos mais frágeis.
Durante a sua passagem pelo lar do Paços de Ferreira, o jogador terá recusado um apartamento oferecido após assinar contrato profissional, preferindo continuar a viver no lar. “Rapidamente passou a ser uma referência dos miúdos que cá estavam, controlava as horas de descanso deles e o que comiam. Ajudou-os muito e passou-lhes muitos exemplos”, afirmou ao JN Manuel Sousa, que à época era olheiro do Paços de Ferreira.
A postura solidária manteve-se ao longo dos anos. Segundo o JN, Diogo Jota enviava regularmente chuteiras, sapatilhas, fatos de treino e até alimentação para os jovens mais necessitados do lar. Um enfermeiro do clube, que preferiu manter o anonimato, organizava listagens das carências para que os donativos fossem dirigidos a quem mais precisava.
Teresa Barbosa reforça a ideia de um jovem disciplinado e determinado: “Acabavam as aulas e ligava-me para o ir buscar. Almoçava e havia sempre quem o tentasse desencaminhar para jogar PlayStation, mas ele respondia que primeiro estavam os trabalhos de casa e só depois jogava. Chegava à noite dos treinos, mas antes de ir para a mesa deixava a roupa dele no cesto para lavar e, se houvesse roupa para arrumar, a primeira coisa que fazia era arrumar a dele.”
O impacto da sua generosidade extravasava o clube. “Numa ação organizada pelo Paços de Ferreira, tivemos mais de 200 pessoas à espera de um autógrafo dele. A certa altura pensaram que já não ia dar a todos, mas ele disse que autografava todos e esteve ali horas”, recordou Manuel Sousa ao JN.
“Ele vivia com dificuldades, quando estava no lar, e sabia bem o que era essencial, por isso é que a dimensão humana dele é enorme”, completou Manuel Sousa. “O Diogo era único!”, conclui Teresa Barbosa.
Toda a informação desta notícia foi publicada pelo Jornal de Notícias.