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Saúde e Bem Estar
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Santa Saúde: O Calor Mata

Todos os anos, nos períodos de calor máximo, há chamadas de atenção a prevenir as pessoas para os riscos do calor. Não é só o risco de fazer aparecer cancros da pele por exposição prolongada ao sol, mas também o risco de morte.

Redação

Quando se analisa o que sucede nestes períodos por revisão das certidões de óbito, parece que as notícias são exageradas porque muito poucas certidões referem o calor como causa de morte. De facto, os óbitos destas ondas de calor ocorrem sobretudo em pessoas idosas com doenças crónicas debilitantes com a insuficiência cardíaca e a insuficiência respiratória à cabeça.

Os médicos que verificam os óbitos tendem a escrever o nome destas doenças como causa de morte porque foram elas a causa real da morte, mas por efeito do agravamento causado pela desidratação devida ao calor.

Então como se garante que o calor mata?

Por meios muito mais simples. Ao olhar para os óbitos diários (cerca de 300) ao longo de 1 ano, verifica-se excesso deste número a coincidir com as ondas de calor que são noticiadas, sem que haja outros acontecimentos nas mesmas alturas que expliquem os óbitos.

Chamamos ao efeito, excesso de mortalidade devida ao calor. Sendo assim percebe-se que as autoridades de saúde sejam insistentes e nos convoquem a todos a colaborar para evitar este excesso de mortalidade, na medida em que as ondas de calor (temperaturas 5 graus acima da média, pelo menos 5 dias seguidos) são cada vez mais frequentes à medida que o aquecimento global está em marcha.

Que medidas?

  1. Manter os idosos, doentes crónicos e crianças abrigados do sol
  2. Manter as casas bem ventiladas (sem medo das correntes de ar)
  3. Limitar o vestuário a 1 peça de roupa, e esta de cor clara e larga
  4. Beber muita água

As medidas anteriores percebem-se sem mais explicações, exceto no que respeita a água. Todos nós ingerimos muito menos água do que a necessária para uma vida saudável. Com isso obrigamos os rins a recuperar água (por concentração da urina) até ao limite da sua capacidade, enquanto são
saudáveis. Em geral, os idosos têm esta capacidade renal reduzida, mesmo quando são saudáveis.

Os idosos não se queixam de sede, mesmo com graus elevados de desidratação. Se os convidamos a beber 2 copos de água, acham que já beberam muita água. É por isso que a água a beber deve ser quantificada para a hidratação ser real. Devemos usar garrafas de 1,5 litros, cheias de água (pode perfeitamente ser água da torneira; é questão de preferência e custo) e verificar que a água é toda ingerida. Mas mesmo assim não chega! Nas ondas de calor a transpiração e a perda de água por evaporação na respiração é muito superior ao normal. Nestas alturas a meta a atingir é 3 litros pelo menos, é necessário beber 2 garrafas de água, das grandes.

Parece muito? Não esquecer que o calor mata por desidratação.

Professor J. Agostinho Marques  - Diretor Clínico da SCMMC