No Norte de Portugal, a colheita de mirtilo faz-se entre junho e setembro — e, durante esses meses, os campos de Sande, em Marco de Canaveses, ganham vida com dezenas de pessoas que ali se juntam para o trabalho sazonal. Marisa Alexandra, natural de Cinfães, foi uma delas durante três verões. “Não era a primeira vez, nem o primeiro ano”, começa por dizer. “No ano passado fui, mas este ano já não fui porque recebi uma proposta de trabalho num lar — que é onde estou agora.”
Apesar da mudança de rumo, recorda com carinho a azáfama da apanha: “Se não tivesse ido para o lar, voltava. Claro que sim.” Os campos em Sande são vastos e, por isso, é comum formar-se uma pequena comunidade sazonal, composta por trabalhadores de vários pontos da região: “Vinha pessoal de Tarouquela, de Cinfães, do Marco… Cada grupo juntava-se e formavam-se ali carrinhas cheias de gente.”