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Penafiel
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Projeto NODUS aposta numa resposta pública e precoce para o autismo no Douro, Tâmega e Sousa

A Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM do Tâmega e Sousa) apresentou esta terça-feira, 23 de setembro, o projeto NODUS – Resposta para o Autismo do Douro, Tâmega e Sousa, no âmbito da Operação NORTE2030-FSE+-02248400 – Plano de Ação Intermunicipal para a Inclusão Ativa de Grupos Vulneráveis.

Redação

Destinado a crianças até aos 4 anos com diagnóstico de Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), residentes nos 11 municípios da região, o NODUS surge como uma resposta intermunicipal especializada e inovadora, com o objetivo de garantir intervenção precoce, essencial para o desenvolvimento destas crianças.

Promovido pela CIM do Tâmega e Sousa, o projeto, sediado em Rans (Penafiel), conta com a copromoção da Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais de Penafiel (APADIMP) e da Associação de Solidariedade Social e Cultura para o Desenvolvimento de Rans, estando a sua orientação clínica a cargo da Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa (ULS-TS). Entre os parceiros institucionais destacam-se ainda o município de Penafiel, a ULS do Alto Ave e o Centro Distrital de Segurança Social do Porto.

Uma equipa técnica multidisciplinar ao serviço das famílias

Segundo Sílvia Ferreira, terapeuta ocupacional e coordenadora da equipa técnica do projeto, o NODUS conta com uma equipa composta por duas terapeutas ocupacionais (uma a tempo inteiro e outra a meio tempo), uma terapeuta da fala, uma educadora social e uma psicóloga. O trabalho será articulado com a pediatra de desenvolvimento Dra. Leonilde e a psicóloga Dra. Marta, da ULS-TS.

“O objetivo é integrar as várias terapias e dar uma resposta o mais efetiva possível às necessidades reais das famílias com estas problemáticas”, explica. A coordenadora sublinha que, apesar de algumas famílias conseguirem recorrer ao setor privado, há uma grande escassez de respostas públicas, e o NODUS pretende colmatar precisamente essa falha.

Arranque previsto para breve

O projeto deverá iniciar-se já no próximo mês, embora ainda não haja uma data definitiva. Atualmente, está a decorrer o processo de avaliação das crianças que poderão integrar a primeira fase, tendo em conta critérios como a idade e o estado do diagnóstico.

"Vamos começar com um número mais reduzido de casos, possivelmente 10 ou 11 crianças, porque esta é uma equipa nova e este é um projeto pioneiro", esclarece. A intenção é alargar progressivamente o número de beneficiários, à medida que se avaliam as necessidades e capacidades de resposta da equipa.

Intervenção precoce, fator determinante

O NODUS centra-se especificamente em crianças até aos 4 anos, numa clara aposta na intervenção precoce. “É nesta idade que, em termos neuronais, se pode conseguir mais resultados”, defende a coordenadora.

Além das terapias dirigidas às crianças, o projeto pretende também apoiar diretamente as famílias, muitas vezes com dificuldades de acesso à informação ou aos recursos necessários para iniciar a intervenção atempadamente. “Queremos que as famílias entendam o que está a acontecer, que conheçam as ajudas disponíveis e que tenham um apoio contínuo”, afirma.

O funcionamento da equipa está previsto para o horário das 9h00 às 17h00, em dias úteis, com diferentes especialidades a intervirem de acordo com as necessidades de cada caso. O número final de crianças abrangidas dependerá da frequência e do tipo de terapias necessárias, sendo o modelo de funcionamento flexível e adaptado à realidade de cada família.

Na apresentação oficial, o momento foi descrito como "inspirador" e de grande relevância para a região.

Antonino de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, destacou o caráter pioneiro da iniciativa:

“Este projeto teve o condão de trazer a saúde para outras dimensões, outros projetos e outras áreas de intervenção. É muito positivo que sejamos nós, no Tâmega e Sousa, a dar este passo. É seguramente inspirador para outras comunidades intermunicipais e unidades locais de saúde”, afirmou, sublinhando ainda o orgulho coletivo por “antecipar e ver mais à frente”.

A diretora clínica para os Cuidados de Saúde Hospitalares da ULS Tâmega e Sousa, Filipa Carneiro, realçou a importância da cooperação entre diferentes entidades para garantir uma resposta efetiva às necessidades das famílias:

“O protocolo que hoje celebramos é exemplo de como a cooperação interinstitucional e intermunicipal pode transformar realidades. Cada dia conta e a intervenção precoce é determinante. Este centro representa uma resposta inovadora, mas também um espaço de esperança para as famílias.”

O projeto, que assenta numa lógica de proximidade e intervenção multidisciplinar, pretende assegurar que nenhuma criança ou família percorra o caminho do diagnóstico e da terapêutica sozinha.

Pedro Machado, presidente do Conselho Intermunicipal do Tâmega e Sousa, recordou que a origem da ideia surgiu nas reuniões entre autarcas da região e que rapidamente evoluiu para uma proposta concreta:

“Sabemos todos que o autismo é uma das grandes problemáticas com que as famílias se debatem atualmente, e as respostas do Estado têm sido insuficientes. Nunca pensei que se concretizasse tão rapidamente. Este é um projeto que, acredito, será replicado noutras regiões do país.”