Montenegro defende governação ao centro: “Planar para a esquerda, para a direita, mas sempre para a frente”

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta sexta-feira, 6 de junho, que o XXV Governo Constitucional irá governar de forma centrada, ora com aproximações à esquerda, ora à direita, mas “sempre para a frente”. As declarações foram feitas durante o arranque do primeiro Conselho de Ministros do novo executivo, em São Bento, numa sessão marcada por um ambiente descontraído e a tradicional fotografia de grupo.

Montenegro lidera o segundo executivo formado pela coligação Aliança Democrática (PSD/CDS-PP), agora com um total de 60 membros, entre ministros e secretários de Estado, dos quais um terço são mulheres.

“Excecionalmente para a esquerda”

Durante o momento fotográfico, ao ser pedido que alguns governantes se posicionassem mais à esquerda da imagem, Montenegro brincou: “Excecionalmente para a esquerda”. Questionado depois pelos jornalistas sobre o rumo político das negociações, respondeu: “Somos centrais. Tanto vamos um bocadinho para um lado como um bocadinho para o outro”.

Afirmou ainda que o Governo adotará uma postura “muito polivalente, de andar a subir, a descer, a planar, para a esquerda, para a direita e para o centro, mas sempre para a frente”, reforçando a intenção de manter um percurso de progresso.

Otimismo e foco na melhoria das condições de vida

Confrontado com previsões económicas menos otimistas do Banco de Portugal, Montenegro desvalorizou o impacto dos números. “O que me dá preocupação é olhar para cada português todos os dias e melhorar a condição de vida dele próprio”, afirmou.

Já antes da reunião, o chefe do Governo mostrava-se confiante: “Acreditamos muito em Portugal, isso é o que interessa”, afirmou, sem querer estabelecer comparações diretas com o XXIV Governo, que caiu antes de cumprir um ano de mandato.

Posse concluída e debate agendado

A cerimónia de posse dos 43 secretários de Estado decorreu esta manhã no Palácio Nacional da Ajuda, presidida por Marcelo Rebelo de Sousa. Com este ato, o XXV Governo Constitucional ficou oficialmente em funções.

O debate do programa do Governo está agendado para os dias 17 e 18 de junho na Assembleia da República. PS e Chega já indicaram que não vão apresentar moções de rejeição, ao contrário do PCP.

Nas legislativas de março, a coligação AD venceu sem maioria absoluta, conquistando 91 deputados (89 do PSD e dois do CDS-PP). O Chega tornou-se a segunda força parlamentar com 60 deputados, à frente do PS (58). Seguem-se a Iniciativa Liberal (9), o Livre (6), o PCP (3) e o BE, PAN e JPP com um deputado cada.

Luís Montenegro assumiu funções como primeiro-ministro a 2 de abril de 2024, sucedendo a António Costa, após oito anos de governação socialista.