Apesar das mudanças, dentro de casa as tradições brasileiras continuam vivas, sobretudo no Natal. “A gente mantém tudo. Sempre foi assim no Brasil e continuou aqui”, conta.
As mesas de consoada da família, porém, tiveram de se adaptar. No Rio, o habitual era o Chester, ave criada no Brasil como alternativa mais suculenta ao peru. Como não existia nos supermercados portugueses, a solução foi improvisar: “Comprávamos um frango maior e fazíamos assado. Sempre com salada russa que lá chamamos de salada de maionese e farofa, que não pode faltar.”
Do Brasil também veio o hábito de preparar sobremesas em travessas: pudim, pavê e outras receitas pensadas para muitas pessoas. “É mais prático, porque normalmente tem sempre mais gente à mesa.”
Houve anos de receitas especiais, como a torta de bacalhau que Luciana costumava preparar quando o marido recebia o peixe no cabaz de Natal da polícia no Brasil. Houve até um Natal com churrasco feito na lareira: “Brasileiro faz churrasco para tudo”, ri-se.
Se o frio não incomoda no Natal, no Ano Novo a história é outra. Luciana admite sentir saudade da tradição carioca de celebrar a virada do ano na praia: “Aqui é muito frio. No Rio a gente ia pular as ondas. E também é estranho passar a meia-noite de roupa escura, algo que lá ninguém usava.”