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Marco de Canaveses
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“Gostava de ver o grupo a continuar sem mim”: Manuel Marques continua a luta para manter viva a tradição

Sem saber “cantar nem dançar”, Manuel Marques foi o fundador do Grupo de Danças e Cantares S. Martinho de Sande, uma associação da freguesia de Sande e São Lourenço do Douro, em Marco de Canaveses.

Redação

"Nascido, criado e casado”, nessa mesma freguesia o responsável do grupo de danças recorda-se bem da criação desta iniciativa: “a escritura oficial foi em 2004 mas só fomos apadrinhados em 2007”.

Na altura, Manuel Marques foi influenciado a criar esta associação “por um grupo de amigos”, um desafio que acabou por aceitar apesar de “não estar muito motivado”. Dividindo o tempo entre a família e o trabalho o encarregado ainda hoje salienta que: “É muito complicado sair, por exemplo, do trabalho a uma sexta-feira, tomar um banho e comer uma sandes à pressa para ir a uma reunião”.

As dúvidas do responsável quanto à formação da associação baseavam-se nisso mesmo, “na falta de tempo” para dedicar ao mundo do folclore. Manuel Marques admite em tom de brincadeira ter-se arrependido de aceitar esta grande responsabilidade de manter as tradições da freguesia, mas, olhando para trás o fundador não se arrepende de nada.

Percurso e Dificuldades do Grupo

Em atividade há quase duas décadas, o Grupo de Danças e Cantares S. Martinho de Sande já percorreu o Norte e Centro do país para a realização de várias atividades. “Fazemos deslocações por todo o país e fazemos apresentações a nível nacional, já percorremos o Norte e o Centro e só não vamos muito ao Sul porque para um grupo como o nosso as deslocações são muito caras”, revela Manuel Marques.

Desde o aluguer do autocarro à logística de conseguir fazer a viagem com todos os membros do grupo, o fundador confessa que “é difícil” sair da região Norte e Centro do país devido à falta de apoios para associações mais pequenas. No entanto, os dançarinos e cantores de Sande e São Lourenço do Douro fazem os possíveis para continuar esta tradição, lembrando toda a população de que qualquer um se pode juntar a este grupo.

Esperança no Futuro e Continuidade

Aliás, Manuel Marques não esconde que “não sabia cantar nem dançar, só ajudei a formar o grupo” e até à data continua como um membro integral do mesmo. Orgulhoso por ver a filha também a fazer parte deste movimento onde “toca muito bem o cavaquinho”, o membro fundador espera, no futuro, ver mais jovens a entrar no grupo de cantares.

“Gostava de ver o grupo a continuar sem mim, de ter um futuro com pessoas para assumir esta tradição, mas atualmente é muito difícil atrair os mais novos”, reforça.

Manuel Marques continua no grupo e a fazer tudo o que pode pelo mesmo por “pena de ver isto a acabar e desaparecer”, mas sem se deixar levar pelos pensamentos mais negativos, o fundador mantém-se esperançoso de que o futuro desta associação venha a estar assegurado.