O responsável explicou que esta inovação “muito recente” permite “uma precisão submilimétrica na execução de gestos cirúrgicos, nomeadamente da introdução de parafusos, que são procedimentos feitos muito frequentemente na coluna”.
Segundo Francisco Serdoura, a tecnologia tem sido utilizada em cirurgias “mais complexas e com maior risco”, com o objetivo de reduzir riscos e gerar ganhos em saúde para o doente. O novo sistema “altera um bocadinho o fluxo de trabalho na cirurgia”, invertendo a lógica habitual: “muitas vezes vamos para a cirurgia e depois intraoperatoriamente temos que tomar algumas decisões em função daquilo que encontramos”.
Na cirurgia robótica de coluna, “é preciso programar previamente tudo aquilo que se vai fazer, e depois a execução passa a ser de acordo com um programa pré-definido”.
O diretor do Serviço de Ortopedia sublinhou que, por se tratar de “uma cirurgia com uma precisão submilimétrica”, é possível reduzir o dano causado na abordagem cirúrgica, com benefícios como menores perdas de sangue e menor risco de infeção.
Nos últimos quatro meses, foram realizadas 16 cirurgias com o novo sistema, “de uma forma ritmada”, o que é motivo de “orgulho” para a equipa.
Francisco Serdoura destacou que este equipamento “é dos poucos a nível europeu” e que está acessível aos cidadãos no SNS “sem condicionantes de acesso”, incluindo as financeiras.
O responsável referiu que “são investimentos no SNS que trazem um benefício coletivo” e “criam um padrão de qualidade” importante para todos. Acrescentou que a utilização desta tecnologia contribui para o desenvolvimento do produto e abre perspetivas para trabalhos de investigação com a introdução de outras tecnologias, proporcionando “prazer” às equipas por participarem na evolução da ciência e da tecnologia em Portugal.
Qualquer doente do país pode ter acesso a esta técnica, desde que esteja “devidamente enquadrado e referenciado” pelo médico assistente.
O Hospital de São João é centro de referência para o tratamento de doentes com trauma grave e o Serviço de Ortopedia e Traumatologia realiza, em média, 400 cirurgias à coluna vertebral por ano, entre traumatismos e patologias como escolioses.