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Marco de Canaveses
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Casa do Agrêlo revela tesouro documental de seis séculos no coração do Marco de Canaveses

Na freguesia de Penha Longa e Paços de Gaiolo, no concelho do Marco de Canaveses, está a ser recuperado um acervo documental raro e valioso na histórica Casa do Agrêlo.

Redação

O projeto é liderado por Joaquim António Magré Ferreira, professor universitário e investigador, que tem como missão preservar e divulgar documentos que traçam a história das famílias Mendes de Vasconcelos e Magalhães Ferreira desde o século XVI.

O espólio inclui centenas de manuscritos, contratos, cartas, diários, livros antigos, fotografias e postais. Entre os destaques estão um privilégio papal de 1588, um livreto de 1643 e um inventário conventual de 1826.

“Se as pessoas não fizerem isto, a documentação perde-se”, alerta Joaquim Magré, sublinhando a importância da preservação deste tipo de património, que por vezes é simplesmente descartado.

Raízes familiares e paixão pelo papel antigo

A descoberta do arquivo aconteceu após o falecimento da mãe do investigador, natural do Agrêlo. Em 2017, Joaquim Magré herdou a casa e, ao explorar o antigo escritório da avó, encontrou a documentação que agora está a organizar. Já construiu uma cronologia familiar com mais de 20 mil palavras e está a preparar a transferência dos documentos — atualmente guardados no Porto — para a casa de origem, após obras de reabilitação previstas até 2030.

Com formação em Design e Comunicação e doutoramento em Barcelona, Joaquim Magré tem desenvolvido investigação em design gráfico, tipografia e papel antigo. A sua ligação afetiva à casa e à família dá ainda mais significado ao projeto.

“Tenho mais interesse porque tudo isto tem a ver com as minhas raízes e com o local onde tudo aconteceu”, afirma.

Do arquivo à criação de um polo cultural

A investigação foi recentemente apresentada na Biblioteca Nacional de Portugal, em contexto de um congresso ibérico sobre papel antigo, reforçando a projeção do Marco de Canaveses no panorama cultural.

Joaquim Magré ambiciona transformar a Casa do Agrêlo numa “casa de artista”, inspirada em modelos europeus: uma residência habitada, mas com forte identidade museológica e artística, acessível ao público.

O investigador defende uma oferta turística mais rica e diversa, onde o património privado possa ter um papel relevante.

O espólio da Casa do Agrêlo é, assim, não só uma valiosa fonte para o estudo da história e da memória local, como um exemplo inspirador de salvaguarda ativa do património com utilidade cultural futura.