De acordo com dois relatórios hoje divulgados, em 2021 estimava-se que 14% da população global vivia com uma perturbação mental, sobretudo em países de baixo e médio rendimento, onde se concentra a maioria da população mundial.
A ansiedade e a depressão são as perturbações mais comuns, representando em conjunto mais de dois terços das condições de saúde mental. Entre 2011 e 2021, o número de pessoas com estas patologias aumentou mais rapidamente do que a população mundial, correspondendo a um crescimento de 0,9% na prevalência global.
Os dados indicam ainda que os adultos mais jovens, entre os 20 e os 29 anos, registaram o maior aumento de prevalência (1,8%) desde 2011. Em 2021, cerca de 7% das crianças dos cinco aos nove anos e 14% dos adolescentes dos 10 aos 19 anos viviam com uma perturbação mental. A OMS sublinha que cerca de um terço das doenças mentais na idade adulta desenvolvem-se até aos 14 anos.
O suicídio continua a ser uma das consequências mais graves, com 727 mil mortes registadas em 2021, figurando entre as principais causas de morte entre os jovens em todos os contextos socioeconómicos. A OMS assinala que, apesar dos esforços internacionais, a redução das taxas de suicídio tem sido insuficiente para cumprir a meta definida pelas Nações Unidas, que prevê uma diminuição de um terço até 2030. Mantida a atual trajetória, a redução será de apenas 12%.
No plano económico, a organização estima que a ansiedade e a depressão provocam a perda anual de 12 mil milhões de dias produtivos de trabalho. Apesar deste impacto, em média os países destinam apenas 2% dos orçamentos de saúde à saúde mental. Nos países de baixo rendimento, existem pouco mais de um profissional de saúde mental por cada 100 mil habitantes, em contraste com mais de 60 profissionais em países de rendimento elevado.
A OMS refere também que a reforma e o desenvolvimento dos serviços de saúde mental têm avançado lentamente: menos de 10% dos países completaram a transição para modelos de cuidados comunitários. Os hospitais psiquiátricos continuam a ser centrais na resposta, com quase metade dos internamentos a ocorrer de forma involuntária e mais de 20% a prolongarem-se por mais de um ano.
Os relatórios hoje apresentados são considerados pela OMS como “ferramentas essenciais” para apoiar a definição de estratégias nacionais e o debate internacional antes da reunião de alto nível das Nações Unidas sobre doenças crónicas não transmissíveis e promoção da saúde mental, agendada para este mês em Nova Iorque.