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Sociedade
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Sete mortos em violência doméstica nos primeiros três meses do ano, alerta PJ

Polícia Judiciária revela que quase 25% dos homicídios investigados desde 2020 ocorreram neste contexto

Redação

Sete pessoas morreram em contexto de violência doméstica nos primeiros três meses de 2025, segundo dados divulgados esta sexta-feira, 6 de junho, pela Polícia Judiciária (PJ), durante um seminário dedicado ao tema, realizado em Lisboa.

De acordo com o coordenador de investigação criminal da PJ, Pedro Maia, entre janeiro e março deste ano foram abertos 41 inquéritos por homicídio, sendo que seis dizem respeito a situações de violência doméstica, resultando em sete vítimas mortais — seis mulheres e um homem. A PJ não especificou quantas das vítimas eram menores de idade.

No mesmo seminário, realizado no edifício-sede da PJ, foi também revelado que, entre 2020 e março de 2025, os homicídios em contexto de violência doméstica representam 24,65% do total de investigações por homicídio. Neste período, a PJ investigou 588 inquéritos por homicídio, dos quais 145 ocorreram neste âmbito.

Armas brancas lideram nos crimes de violência doméstica

Ainda segundo os dados da PJ, a arma branca foi o meio mais utilizado nestes crimes, identificada em 51 dos 145 inquéritos. Seguem-se as armas de fogo, usadas em 37 casos, e a força física — sobretudo através de asfixia — presente em 26 situações.

Geograficamente, os homicídios em contexto de violência doméstica nos primeiros três meses de 2025 distribuíram-se por Setúbal (dois casos), Lisboa (dois), Porto (um) e Braga (um).

Pedro Maia sublinhou a relevância destes números, afirmando que “o valor do contexto da violência doméstica é elevado e expressivo”, destacando a importância de continuar a reforçar os mecanismos de prevenção e proteção das vítimas.

Ministério Público defende inversão na lógica de afastamento

Durante o mesmo seminário, o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, defendeu mudanças legislativas que invertam a atual lógica de afastamento da vítima do agressor.

“Pretendo sensibilizar a senhora ministra da Justiça no sentido de que, no meu ponto de vista, o agressor é que deve abandonar a casa e não a vítima. Não faz sentido a situação atual e devemos pensar essa situação”, afirmou, apelando a uma abordagem mais centrada na proteção da pessoa agredida e na responsabilização efetiva do agressor.

A violência doméstica continua a ser uma das principais preocupações das autoridades portuguesas e uma das formas mais persistentes de criminalidade violenta no país, com impacto direto na segurança, saúde e dignidade das vítimas, afetando famílias e comunidades inteiras.