logo-a-verdade.svg
Sociedade
Leitura: 3 min

Adriano Quintanilha nega envolvimento em doping na W52-FC Porto e reclama inocência em tribunal

Adriano Quintanilha, antigo responsável da equipa de ciclismo W52-FC Porto, declarou-se esta quarta-feira inocente no âmbito do julgamento da operação "Prova Limpa", negando qualquer conhecimento sobre a prática de doping entre os ciclistas da formação e refutando as acusações do ex-diretor desportivo Nuno Ribeiro.

Redação

Em audiência realizada num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, Quintanilha, de 72 anos, prestou declarações pela primeira vez no processo que envolve 26 arguidos, entre os quais ex-ciclistas e antigos dirigentes da equipa.

O empresário rejeitou ter financiado a utilização de substâncias dopantes, sublinhando: “Estou inocente de tudo. Os meus ciclistas sabem que eu estou completamente fora de tudo o que se passou. Não faço ideia de quem pagava o doping”. Acrescentou ainda nunca ter visto “uma agulha” ou “sacos de sangue” no autocarro da equipa, garantindo que apenas visitava o local para “cumprimentar os atletas e tomar café”.

As declarações surgem em resposta direta às afirmações feitas em tribunal, a 18 de novembro de 2024, por Nuno Ribeiro. O ex-diretor desportivo da W52-FC Porto assumiu na altura a existência de um esquema sistemático de doping durante toda a época desportiva, alegando que o financiamento para esse efeito era providenciado por Adriano Quintanilha, a quem descreveu como “mestre da manipulação”.

“Fui acusado pelo senhor Nuno Ribeiro e ainda não sei porquê. Ele não disse uma verdade”, afirmou hoje Quintanilha, recusando responder às perguntas da defesa dos restantes arguidos e aceitando apenas ser interrogado pelo coletivo de juízes e pelo Ministério Público.

O advogado de Nuno Ribeiro solicitou ao tribunal uma acareação entre o seu constituinte e Quintanilha, proposta que foi recusada pela defesa deste último.

Adriano Quintanilha revelou ainda que financiava anualmente a equipa com 120 mil euros, enquanto o Futebol Clube do Porto assegurava um apoio de 700 mil euros por época. “O FC do Porto pagava bem”, destacou.

Sobre as buscas realizadas pela Polícia Judiciária em abril de 2022 ao hotel da equipa, em Trancoso, onde foram apreendidas substâncias ilícitas, Quintanilha disse desconhecer o que foi encontrado e recordou que vários ciclistas lhe pediram que continuasse a apoiá-los, garantindo a sua inocência. “Acreditei neles. Só mais tarde, quando confessaram na ADoP, é que me convenci. Senti-me enganado por eles”, disse.

O julgamento prosseguiu esta tarde com novas declarações, incluindo a intervenção do antigo ciclista e arguido Joni Brandão, que solicitou ao tribunal para prestar novo depoimento.

Dos 26 arguidos no processo “Prova Limpa”, 14 respondem por administração de substâncias e métodos proibidos, e todos enfrentam acusações relacionadas com tráfico de substâncias ilícitas no contexto do desporto profissional.