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Focada no filho, Ana Pinto não deixa de receber a visita dos seus patudos no “Banhos e Tosquias”

Junto à antiga Fábrica de Papel do Marco de Canaveses, Ana Pinto, veterinária de profissão, dedica-se há sete anos aos “Banhos e Tosquias”, mas agora também a um novo amor: o filho Diego, de apenas oito meses.

Redação

Desde pequena que Ana dizia querer ser veterinária. “Sempre disse que queria ser veterinária, mas não gostava muito de estudar”, conta, entre risos.

Acabou por seguir Enfermagem Veterinária, tirando o curso em Ponte de Lima. Após o estágio, teve dificuldade em ingressar no mercado local e foi aí que decidiu “dar um jeitinho” à vida e aos animais  por conta própria. Começou de forma “humilde”, com uma mesa improvisada em casa dos pais. Criou uma página no Facebook e, sem folhetos ou publicidade formal, viu a agenda encher-se rapidamente.

“As pessoas vinham, gostavam e começavam a dizer à família, aos vizinhos...” A procura cresceu e, pouco tempo depois, Ana deixou de procurar vaga em clínicas: “Apareceram propostas, mas eu já não conseguia largar isto. Era o meu espaço, os meus clientes.”

Hoje, aos 31 anos, trabalha por conta própria num espaço “acolhedor”, criado de raiz durante a construção da casa onde vive. “Como praticava preços mais acessíveis, queria manter isso, e procurar um espaço comercial ficou fora de questão.” A independência profissional foi também o que lhe permitiu mais liberdade na gestão dos horários, algo que valoriza especialmente agora, no novo papel de mãe. “Sempre tive o sonho de ser mãe, mas fui adiando por causa do trabalho”, confessa. Um susto de saúde há dois anos foi o alerta que precisava: “Disseram-me que podia ser maligno. Pensei: e se eu adiei o meu sonho de ser mãe por nada? Foi aí que acordei.”

Atualmente, Ana continua a conciliar a profissão com a maternidade, embora admita que tem sido um desafio: “De manhã não trabalho para dedicar
tempo ao menino. À tarde, é sempre preciso pedir a uma das avós para ficar com ele.” Conta com a ajuda de uma colega para os banhos, mas continua a fazer as tosquias sozinha. E deixa um apelo: “Estou à procura de alguém que me possa ajudar com essa parte. Era mesmo uma mais-valia.”

“Não foi um daqueles contos de fadas”, recorda Ana. “A verdade é que tive uma gravidez difícil. Chorei muito porque não podia trabalhar e tinha medo de como ia ser quando voltasse”. A incerteza foi grande, mas, como faz questão de frisar, “felizmente correu tudo bem. O mais importante é que o bebé está aqui, saudável.”

Diego, o primeiro filho de Ana, mudou-lhe as prioridades. “Voltei ao trabalho quando ele tinha três meses. Tem corrido bem, os clientes estão a voltar, mas é uma nova realidade. Antes punha o trabalho à frente de tudo até da família e de mim própria. Agora, não. Agora o meu filho vem primeiro.”

O amor pelos animais, esse, vem desde a infância. “Sempre tive animais, mas na minha família ninguém era tão ligado a eles como eu. Eu via-os quase como membros da família. Isto nasceu comigo”, diz. Hoje, é essa sensibilidade que a diferencia no trabalho. “Todos os serviços são por marcação, porque agora trabalho menos horas. Faço banhos, tosquias, limpo ouvidos, corto unhas... a cães e gatos. Enfermagem, só em clínica”, esclarece.

Para Ana, o respeito pelo estado emocional do animal é uma prioridade. “Há casos em que prefiro não forçar. Se o animal estiver muito estressado, insistir pode fazer-lhe mal. Há que respeitar. Se for traumatizado na primeira vez, nunca mais deixa tocar”. Ao longo dos anos, a ligação com os animais e com os donos tornou-se mais do que profissional. “Tenho clientes que estão comigo há sete anos. E também já perdi muitos, porque os animais faleceram. É sempre difícil”.

Mesmo com os desafios da maternidade, Ana não perdeu o amor pelo que faz apenas aprendeu a reorganizar prioridades. E no coração dela há sempre espaço para os seus clientes de quatro patas, mas com o foco principal no pequeno Diego.