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Penafiel
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"Faço cinema porque gosto", diz Carlos Moreira, o fisioterapeuta que decidiu seguir uma paixão

De fisioterapeuta para a cadeira de realizador, Carlos Moreira, vai estrear-se pela primeira vez no grande ecrã como ator e realizador do seu próprio filme, ‘Nana Nana Meu Menino’.

Redação

“Faço cinema porque gosto” revela o penafidelense, a sétima arte “esteve sempre presente ao longo da minha vida”. Uma paixão que “não sei bem de onde veio” o realizador de 31 anos, salienta que “o cinema foi-me sempre envolvendo, até que, cheguei a um ponto onde simplesmente tinha de começar a praticar a arte”.

O grande ecrã é descrito pelo cineasta como:  “um dos meios mais complexos por onde podemos transmitir emoções e a experiência humana. Através da imagem e do som temos um envolvimento completo que outras artes não conseguem dar”. Sem qualquer tipo de formação na área de audiovisual, visto que “a minha única formação académica é em fisioterapia”, Carlos Moreira deixou-se levar pelo amor à sétima arte e decidiu agarrar o seu “lado artístico”.

Apesar de “sempre ter gostado muito de ser fisioterapeuta, cheguei a um ponto onde em pensei: Se calhar acho já experienciei tudo aquilo de que precisava nesta profissão e se calhar vou seguir para algo que gosto mais, o cinema”. ‘Nana Nana meu Menino” é o resultado final de meses de pré-produção, que agora “vai estar disponível para consumo de todos”.

Sem dar muito a conhecer da história do filme, o seu criador avançou um bocadinho da trama desta longa-metragem: “A história segue uma consulta de fisioterapia entre o fisioterapeuta Eduardo e a paciente Teresa. De início parece tudo ser uma sessão de fisioterapia normal mas à medida que a trama avança percebemos que há certos elementos do passado de ambas as personagens que começam a aparecer e a vir à tona”.

Inspirando-se nas experiências que juntou ao longo dos anos como fisioterapeuta, Carlos Moreira, comenta “que existem no filme muitas referências à minha própria vida, porque todos os autores deixam uma pegada própria nos seus trabalhos. Mas se me perguntar quais são, não consigo dizer, talvez daqui a uns anos talvez já consiga responder". 

Fruto de um processo “orgânico, natural” mas também “trabalhoso”, a longa metragem do realizador penafidelense, começou a fase de gravações enquanto o próprio ainda trabalhava como fisioterapeuta. Inicialmente, “encontrar os momentos para escrever ou saber por onde começar a construir a história”, demonstrou-se “difícil” mas “depois de encontrar uma base com a qual pudesse trabalhar, foi escrever até chegar à história”. A criação deste filme representou um novo desafio e etapa para Carlos Moreira: “se foi trabalhoso e desafiante? Sim, mas não diria esforçado”.

Referindo-se a todo o trabalho de pré-produção associado ao lançamento de um filme, o penafidelense esclarece que graças "à paixão pelo projeto não existe um esforço associado à quantidade de trabalho realizado. Criar este filme para mim não foi um esforço, não tive vontade de puxar cabelos nem nada disso. Foi muito trabalhoso, mas no final também é muito bonito ver o fruto do nosso trabalho". 

Parceira e "espetadora do processo criativo" de Carlos Moreira

A par da paixão por cinema de Carlos Moreira “desde que o conheço”, Adélia Pereira é a companheira e atriz principal do diretor penafidelense. A médica veterinária de profissão ainda se lembra de fazer sessões de fisioterapia com o parceiro, altura em que o futuro realizador lhe viria a revelar que “passava os fins de semana a trabalhar num filme”.

Declarando-se como uma “espetadora do processo criativo” de Carlos Moreira, fazer parte do ‘Nana nana meu menino’ como atriz não estava nos planos de nenhum dos dois colaboradores. “Não era suposto eu estar a intervir diretamente como atriz, estava a acompnhar a construção do guião e acompanhei toda este processo mas nunca pensamos que acabaria por ter de assumir um papel como este”, explica.

No entanto, devido à indisponibilidade de “uma amiga nossa que engravidou”, o cineasta de Penafiel viu-se obrigado a procurar uma nova “Teresa”, então “ele virou-se para mim e disse-me olha que se calhar tu é que serias a melhor pessoa para o papel”. 

Sendo esta uma produção amadora, sem orçamento para material nem atores, a veterinária percebeu: “que a criação do filme era algo inevitável, porque quem conhece o Carlos percebe que o envolvimento e a paixão dele são tão grandes que o filme ia ser construído”. Assim, quando o parceiro lhe pediu para se juntar de forma mais direta ao projeto, a reposta foi positiva e o trabalho foi "feito com prazer e divertimento". 

A atriz principal, salienta mais uma vez a vontade de Carlos Moreira de avançar com este sonho: "O filme ia ser feito. Tudo o que poderia constituir um obsátcaulo para muitos para ele não era, tratav-se só de mais um desafio". Determinados a "experimentar tudo e a usar tudo o que viesse à mão", a dupla não se sentiu "assustada por ver todo este percuso à nossa frente, tínhamos a certeza de que íamos chegar ao fim". 

Confiante de que este deve ser "um filme que merece ser visto", Adélia Pereira frisa que "nenhuma obra de arte fica completa se não for usufruída pelo público. É isso que nos vai dar prazer, ver as pessoas a sair do cinema com a sensção de que valeu a pena dedicarem o seu tempo para ver algo que nós fizemos".

Partilhando da mesma opinião da companheira, o realizador completa o comentário de Adélia Pereira ao deixar assente que "fizemos o tipo de filme que gostaríamos de ver no cinema". O realizador também não esquece todas as pessoas "que me ajudaram neste processo", às quais Carlos Moreira estende "uma gratidão que estará sempre presente na minha vida, pois se não fossem elas o filme não poderia estar presentes nas salas de cinema". 

Quanto ao seu futuro público, o penafidelense espera "que possam ver o filme, gostava que as pessoas o fossem ver porque algo as atraiu de alguma forma, quer seja pelo trailer, quer seja pelas imagens. Não quero que vejam o filme por ser um projeto português, ser ou não ser português é secundário, porque o cinema é uma linguagem universal.