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Desporto
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Daniel Pinheiro termina carreira no atletismo, mas não está pronto para "pendurar as sapatilhas"

“Para alguém que trabalhou 12 anos numa serra a cortar granito, reconciliar o trabalho com a modalidade foi sempre um desafio”

Redação

Campeão nacional e atleta há mais de 30 anos, Daniel Pinheiro descobriu a paixão pelo atletismo aos dez anos e agora, aos 41, dá por terminada a carreira profissional, mas diz que ainda não está pronto “para pendurar as sapatilhas de vez”.
Influenciado por um tio e pelos irmãos, o atleta de Alpendorada, Várzea e Torrão, começou a dar os primeiros passos na modalidade em clubes locais e não demorou muito até se aperceber de “que tinha algum potencial”, altura em que o clube de atletismo de Penafiel viu esse mesmo potencial e convidou Daniel Pinheiro, para se juntar ao clube onde viria “a perceber a realidade do atletismo e dos treinos a sério para as provas”. Momento em que ganhou “uma verdadeira paixão pelo desporto”.
O percurso do jovem atleta continuou sempre ligado ao atletismo e foi nesta altura que Daniel Pinheiro começou a acreditar na possibilidade de avançar com uma carreira profissional, “graças às palavras do treinador Alfredo Barbosa”, revela. "O treinador dizia me que tinha muito potencial, também dizia que ia demorar algum tempo até me conseguir afirmar a nível nacional mas que ia conseguir...Agarrei-me sempre a essas palavras”, admite o corredor.
As palavras de Alfredo Barbosa marcaram o atleta para o resto da carreira e o próprio reforça que estas palavras sempre o motivaram. "Mas para se concretizarem só dependia de mim e isso significa muito trabalho e treino”.
A vida de um atleta profissional de atletismo é marcada pelos sacrifícios e persistência dos corredores que “têm de abdicar de muita coisa para se dedicarem à modalidade a 200% porque a 100% não chega”, salienta o campeão.
Daniel Pinheiro para agora para refletir nos 31 anos de carreira e, olhando para trás, afirma: "orgulho-me muito daquilo que alcancei com os poucos recursos que tinha, consegui excelentes resultados durante todos estes anos”.
Satisfeito com as marcas e objetivos que atingiu, o atleta recorda pontos altos do seu percurso: “é possível ver o meu nome nas grandes competições de Portugal, em algumas delas como vencedor. E a nível internacional também deixei a minha marca quando me tornei o único português vencedor da meia-maratona de Macau”.
O corredor consagrou-se, este ano, campeão nacional do seu escalão etário e, com esta conquista, Daniel Pinheiro decidiu marcar o fim da carreira. "Vou deixar o aspeto competitivo do atletismo, agora vou só treinar por recriação e para me sentir bem”, acrescenta.
As corridas vão continuar a fazer parte da vida do atleta mas este vai participar “sem o objetivo de ganhar. Quero participar porque gosto do ambiente e de estar com a família do atletismo”.
Um percurso de três décadas marcado por esforço e sacrifício, Daniel Pinheiro não esconde que “para alguém que trabalhou 12 anos numa serra a cortar granito, conciliar o trabalho com o atletismo foi sempre um desafio. Mas agora olho para trás e vejo que os resultados que consegui foram bons, poderiam ter sido melhores, mas não me arrependo de nada”.
O gosto pela modalidade “vai ser muito difícil de largar” e no futuro o atleta de Alpendorada vê a possibilidade de continuar ligado ao desporto de outra forma, como comentador ou até como treinador.
O desporto “trouxe-me muitas coisas boas, como a minha esposa e a minha filha e um conhecimento da minha personalidade que só ganhei graças ao atletismo. Não seria a mesma pessoa que sou agora se não tivesse escolhido este percurso”, frisou.
Às futuras gerações de corredores, Daniel Pinheiro aconselha para “acreditarem sempre no processo e nos treinos. Quando estamos a começar, temos que acreditar que algum dia vai ser o nosso dia. Se nós próprios não acreditarmos, não conseguimos fazer nada. Temos é de acreditar, porque mais dia menos dia, os resultados vão aparecer”.